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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

§saudades da madrugada



Max um dos maiores fadistas de sempre, volta aqui para cantar uma letra de Fernando Peres, Saudades da madrugada para a música do fado Súplica de Armando Machado


Deixa ficar comigo esta saudade
Sem beijos, sem amor, já sem mais nada
Uma saudade triste de verdade,
Uma saudade desta madrugada.

Na certeza feliz de estar contigo,
Fiz promessas. em quase desespero,
Saudade toma a forma dum castigo,
Castigo só porque eu tanto te quero.

Primavera de esperança em cada hora,
Um mundo de ternura, nos teus braços,
E um desejo de amor que não demora,
A saudade que fica nos meus braços

No mistério do dia que não vem,
E os minutos são horas de ansiedade,
Eu sinto quem sem ti ,não sou ninguém,
Deixa ficar comigo esta saudade

Letra "cedida" pelo amigo e também poeta José Fernandes de Castro



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pela cidade passeei


Há dias Diogo Rocha fez 29 anos mas já tem uma longa carreira de fadista, desde que em 1969 venceu a grande noite do fado de Lisboa, como júnior, repetindo a vitória mais tarde no ano 2000 no Porto, já como sénior.

As grandes noites do fado, hoje não têm importância, mas para mim continuam a ser um cartão de visita que qualquer fadista pode exibir, porque nesse tempo, não era qualquer que ganhava essas competições.

Actualmente Diogo Rocha está radicado em Paris, ameaçando deixar de cantar, peço a todo os que gostam de o ouvir que através do seu FB

 http://www.facebook.com/diogo.rocha.73997?fref=ts

lhe deixem uma palavra

Aqui para a música do fado tango de Joaquim Campos, ele canta esta ketra de Fernando Inácio Magalhães

Pla cidade passeei
até vir a madrugada
palas ruas divaguei
a onde fui eu não sei,
eu não me lembro de nada,

Via a lua prateada,
lá no céu a cintilar,
e a minha mente cansada,
andava ali agarrada,
não me deixando sonhar.

Vim par casa e finalmente,
contigo pla minha mão,
disse-te então friamente,
meu coração já não sente,
por ti a mesma paixão

Como eu recordo esse dia,
em que o teu amor neguei,
por todo o lada eu te via,
perdi a minha alegria,
por onde ando, não sei




terça-feira, 9 de outubro de 2012

Confessando

Após alguma ausência retomo mais uma época de publicação, com o mesmo amor ao fado de sempre.

Simbolicamente retomo com Fernando Maurício , com a mais lindo dos tradicionais o Fado Cravo, e uma letra de Jorge Fernando que fala sobre a presença eterna da nossa mãe, junto de nós, mesmo quando fisicamente nos deixa,





Esta carta minha mãe
É o espelho onde o teu filho
Se desnuda totalmente;
O fogo que o vinho tem
Acendeu este rastilho
E a coragem de ser gente

É por ela, sim confesso
Que de segundo a segundo

Bebo a febre de morrer,
Mas quando a vires, só te peço
Não lhe contes o meu mundo,
Não lhe dês esse prazer

Neste meu quarto isolado
O vinho que vou bebendo
A sua imagem retém,
Sobrevivo neste fado,
Muito embora eu a perdendo,
Continuo a ter-te mãe




A letra como acontece muitas vezes é uma referência que retirei do Fados do fado a quem como sempre agradeço realçando o grande trabalho em prol do fado

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Fado da herança

Por certo por ser muito antigo, há muitas coisas por responder na história do fado. Assim acontece com a música deste fado que aqui trago cantado por Filipa Cardoso uma estupenda fadista, do Alto do Pina em Lisboa, já com uma carreira interessante, mesmo com as pausas que decidiu passar

A outra interperete que aqui canta com ela não é preciso referir mais nada basta dizer que se trata de Argentina Santos que referirei aqui em breve

O mistério porém é o facto deste alexandrino da autoria de Jorge Fernando, que ela aqui canta, estar referência na música como o fado Pierrot de Alfredo Marceneiro, quando é a mesma música do seu menor em Versículo.

Sem dúvida que se trata da mesma música e o facto do próprio Alfredo Marceneiro ter cantado um fado a que chamou Pierrot com letra de Linhares Barbosa, em versículo, não justifica, quanto a mim, que se estabeleça confusão

Eis a letra que retirei do blog Fados do fado, a quem como sempre agradeço

Porque me toca tão fundo, a sua voz
Sem regresso, no meu peito ela se esconde
Como um pássaro de luz voando a sós
A pulsar dentro de mim, não sei bem onde

É um canto a revelar toda uma vida
Que a escolheu para lhe dar todas as dores
E a pele que se arrepia em mim vencida
Por lhe sentir a tristeza e os desamores

Como a alma transparece, de que lei
É refém a minha alma presa á sua
E sem querer chorar, tão triste chorei
Como a chuva sem pedir, molhando a rua

Fecha as mãos e no seu rosto tenso e sério
A expressão dum fado intenso, quase um medo
Meu anseio é desvendar o seu mistério
E saber da sua voz o seu segredo

Cantado por Argentina Santos

Se há segredo no meu canto, nem eu sei
Não te posso revelar, se não conheço
Sei que a vida me pesou, e pesou bem
E o cantar é o desabafo que mereço

De menina, guardo as fomes que passei
Das tristezas, não há nó que se desate
A cantar, toda uma vida me entreguei
E o fado é um coração que ainda bate

E um dia, quando o tempo me levar
Num destino que p'ra todos está guardado
Deixarei, p'ra quem gostar do meu cantar
Toda a gratidão do meu ultimo fado


sábado, 30 de junho de 2012

Lei da vida

De João Alberto já aqui publiquei alguns poemas seus, muito cantados e conhecidos como o Coração embriagado e Sinas trocadas, trago este fado menos conhecido mas nem por isso pior. Desta vez cantado pelo grande Artur Batalha, sobre a música do fado Ermida também da autoria de João Alberto

Gastei contigo
parte da vida
que já vivi,
jamais consigo
ser o quer era
se te perdi,
ontem gostaste
hoje cansaste
de me querer bem,
é lei da vida
tudo o que nasce
morre também


Amor sincero
chego a pensar
que no teu peito,
não pode entrar
amor sincero
nunca peças para te dar,
amor sincero
só pode haver
quando são dois,
a querer viver
amor sincero
toda a vida
até morrer

Não vejo jeito
para entender
tua vontade,
que no meu peito
em vez de amor
haja amizade,
qual de nós dois,
vera depois
que está errado
nem tu nem eu
pode esquecer
o amor passado


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Olhos fatais

Esta poema de Henrique Rego provavelmente devido à sua extensão, só era cantada na sua totalidade por Alfredo Marceneiro, sobre a sua música do fado bailado. A versão que aqui trago é a de Manuel Cardoso de Menezes

A sorte que Deus me deu
e que sempre hei-de lembrar,
embora não seja ateu,
julguei encontrar o céu,
na expressão do teu olhar

Neste mundo mar de escolhos
Unindo os nossos destinos,
E nesta vida de abrolhos,
para mim teus lindos olhos,
eram dois céus pequeninos

No espelho do teu olhar
vi dois céus em miniatura
e para mais me encantar
iam-se neles mirar
na minha própria ventura

(esta só marceneiro cantava)

E tão mística atracção
tinha teu olhar profundo
que em sua doce expressão
eram um manto de perdão
sobre as misérias do mundo

Mas deitaste-me ao deserto
deste mundo enganador
hoje o teu olhar incerto
já não é um livro aberto
em que eu lia o teu amor

Enganaste os olhos meus
nunca mais te quero ver,
meus olhos dizem-te adeus,
teus olhos não são dois céus
são dois infernos a arder.

Coração pra amar a fundo
outro coração requer
se há tanta mulher no mundo
vou dar este amor profundo
ao amor doutra mulher




domingo, 17 de junho de 2012

Igreja de Santo Estevão

Embora não seja meu habito neste cantinho, colocar fados que não resultem de trabalho próprio na construção dos clips, desta vez não resisto.

Estão aqui várias curiosidades, que começam pelo interprete o grande poeta António Torre da Guia, depois o fado uma abordagem diferente do fado Igreja de Santo Estevão o conhecido fado de Gabriel de Oliveira, normalmente cantado na musica do fado Vitória e que Fernando Maurício tornou imortal como ele próprio. Aqui Torre da Guia canta sobre uma das minha músicas preferidas o fado Maria Rita também conhecido como Fado de Santa Luzia de Armando Machado

Isto demonstra bem a capacidade que há de cantar o fado, renovando poemas conhecidos cantando-os sobre outras música e que permite, como aqui se demonstra, descobrir novas sonoridades.

Porque não tentam fazê-lo mais vezes os fadistas ? Neste caso Torre da Guia como poeta que é, sabe muito bem que as sextilhas deste poema não precisam de ser cantadas sempre sobre a música do fado Vitória

Depois a gracinha final da quadra de sua autoria, uma preciosidade



domingo, 10 de junho de 2012

Ovelha negra

Há já muitos anos que ouvi com muito agrado Helena de Castro cantar nos Ferreiras em Lisboa, onde cantou algum tempo, junto do grande mestre Fernando Maurício. Perdi-lhe o rasto, mas não esqueci a sua magnífica voz de tonalidade grave que muito me agrada e a forma como interpreta os fados do seu vasto repertório.

Quando se canta o fado, sem que as palavras façam doer na alma de quem ouve, é sinal que saíram por acaso boca fora de quem as disse e isso sente-se, eis a razão porque vozes estupendas não triunfam junto de quem as ouve e outras quase sem explicação aparente permanecem eternamente na memória de quem ama o fado.

Este é o caso de Helena de Castro, basta ouvi-la uma noite para se perceber que cada fado que canta, nunca lhe é indiferente ainda que saibamos que o cantou centenas de vezes.

Voltei a reencontra-la,numa noite de fado em Portimão, no café Nacional onde acontece fado de 15 em 15 dias sempre com a presença do guitarrista Ricardo Martins e do viola Aníbal Vinhas

Este fado é um poema de João Dias aqui cantado sobre a música do fado 3 bairros de Casimiro Ramos

Chamaram-me, ovelha negra,
Por não aceitar a regra,
De ser coisa, em vez de ser,
Rasguei o manto do mito,
E pedi mais infinito,
Na urgência de viver.

Caminhei vales e rios,
Passei fomes, passei frios,
Bebi água dos meus olhos,
Comi raízes de dor,
Doeu-me o corpo de amor,
Em leitos feitos de escolhos,

Cansei as mãos e os braços
Em negativos abraços
Em que a alma, foi ausente,
Do sangue das minhas veias,
Ofereci taças bem cheias,
Á sede de toda a gente

Arranquei, com os meus dedos,
Migalhas de grãos, segredos
Da terra, escassa de pão,
E foi por mim que viveu
A alma que Deus me deu,
Num corpo feito razão





Fonte ; blog de Ricardo Martins

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Grande amor

Hélder Moutinho um dos irmãos Moutinho, uma família de homens do fado, acumula com poemas de grande qualidade, que já aqui trouxe, relembrando um que gosto particularmente A balada do sol errada. Desta vez é Ricardo Ribeiro que aqui canta Grande amor para o fado zeca de Amadeu Ramin

De Ricardo Ribeiro, pouco posso acrescentar, é só um dos maiores interpretes do nosso fado e com o seu grande mestre Fernando Maurício, aprendeu e tenho a certeza vai guardar em toda a sua vida a enorme modéstia de se considerar sempre a aprender e a amar o seu público e nunca perder de vista a dicção e a respeitar a pontuação de cada poema, para que apareça "limpo e claro" aos ouvidos de quem o ouve.

Hoje domina por completo a sua potente voz, sabendo que cantar o fado não é gritar, o melhor fadista não é o que rebenta os tímpanos de quem o ouve, mas aquele que sabe tocar na nossa alma e para isso acontecer têm que empenhar a sua

Vem ver o sol nascer, no meu olhar,
Com raios de ilusão, no meu presente,
E deixa o teu passado, naufragar,
No mar do meu futuro, eternamente

Apaga do meu triste, pensamento
As minhas noites frias, sem te ver
E traz-me a primavera, em vez do vento
Que vou voltar á vida, p'ra viver

Há quanto tempo fomos, tão amantes
P'ra inundar o sonho, destruído
Vivemos nossas vidas, tão distantes
Que o nosso amor viveu, quase perdido

Mas já não há mais tempo, p'ra chorar
E ambos somos livres, novamente
É hora de voltarmos, a cantar
O nosso grande amor, a toda a gente



quarta-feira, 23 de maio de 2012

Era já tarde

Max não foi só um grande fadista como já disse bastas vezes, tem inúmeras letras, normalmente em parceria com Artur Ribeiro, que continuam felizmente a ser cantadas, desta vez a parceria foi com Aníbal Nazaré.

O fado é cantado pela Micá, de quem não tenho notícias, desejando que ainda esteja entre nós

Era já tarde
quando o fado conheci,
e sem alardes
quis falar-lhe de saudade,
mas na verdade para mim,
lembrar de ti,
do grande amor que perdi
era tarde muito tarde

Pedi ao fado ,
que me desse outro caminho,
ficasse ele com a saudade
que eu queria ficar sozinho,
ele respondeu que
o pedido era escusado
porque o fado e a saudade
andavam de braço dado

Era já tarde
quando o fado abandonei
e fui covarde
tive medo da saudade,
com ansiedade
eu ainda a procurei
quando a saudade encontrei
era tarde muito tarde


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Rouxinol da Ribeira



No dia 8 de Maio, Sérgio Nunes o promissor fadista algarvio falecido há 11 anos, faria 30 anos, tendo acontecido em Portimão uma festa, organizada pelos seus pais, para recordar a sua carreira.

Muito amigos e familiares estiveram presentes, tendo sido possível recordá-lo através da passagem dalgumas das suas interpretações que correm na internet, como a que aqui apresento e que é quanto a mim um dos seus fados mais bem cantados. Uma curiosidade foi o facto de alguns dos participantes nos vídeos apresentados, tenham estado presentes na referida festa.

Ouvimos cantar a jovem fadista Adriana Marques (na foto), amiga de infância de Sérgio Nunes com a sua belíssima voz e sua simpática presença, mas também não deixo de destacar a forma como dialoga com o público, não se esquecendo de anunciar os nomes dos autores dos fados que vai interpretar. Em breve trarei aqui algo por si interpretado.

Também esteve presente a veterana Helena de Castro, uma das minhas fadistas preferidas e que me habituei a gostar de ouvir cantar, desde que há muito anos já, a ouvi cantar no cantinho dos Ferreiras em Lisboa, sob a direcção artística do grande Fernando Maurício.

Na referida festa ambas foram acompanhadas por Ricardo Martins na guitarra portuguesa (uma enorme revelação ) e Aníbal Vinhas na viola.

Eis então a interpretação do Rouxinol da Ribeira uma letra de Januário Pereira cantado sobre a música das sextilhas de Pedro Rodrigues, por Sérgio Nunes.



domingo, 6 de maio de 2012

Maria da Fé uma fadista do Porto, mas que aos 18 anos foi para Lisboa, para cantar em variadissimas casas de fado, até que em 1975 se tronou proprietária da conhecida Senhor Vinho, em parceria com o seu marido José Luís Gordo autor da letra que aqui trago, para ser cantado sobre o tradicional fado corrido

Minha mãe, eu sou do tempo
Da força que a água tem
Sou do mistério do vento
Que não sabe donde vem.

Esta voz que canta em mim
Não a canta mais ninguém
Sou do Mistério do Fado
Que não sabe donde vem.


Minha mãe, dai-me o Talento
Que só o Poeta tem
Eu sou como o próprio vento
Que não sabe donde vem.

Minha mãe, o vosso amor
Pouco ou nada quase tem
Sou como a própria flor
Que não sabe donde vem.


Minha mãe, eu sou do tempo
Da força que o Fado tem
Sou do Mistério do vento
Que não sabe donde vem


sábado, 21 de abril de 2012

Tu andas-te a vingar



Este fado é muito antigo, um poema de Gabriel de Oliveira que terá  nasci­do em 1891, em Lisboa. vindo a mor­rer na Figueira da Foz em 1953. 


Apoiante de Sidónio Pais, terá mesmo posto ao serviço deste político alguns barcos, o que lhe valeu a alcunha de maru­jo almirante.

Manteve uma longa ligação com a cantadeira Natália dos Anjos, das suas composições contam-se algumas das mais clássicas letras do repertório fa­dista como é o caso de Igreja de Santo Estêvão,

Inspirando-se alegadamente ao gosto do rei D. Carlos pela guitarra e pelo Fado, escreveu a letra do Fado, O Embuçado. Ori­ginalmente criado por Natália dos Anjos, a músi­ca foi composta pelo guitarrista José Marques Pis­calarete, que lhe deu o título de Fado Natália que, como tema musical, entraria igualmente no reper­tório fadista com outras letras. Os restos mortais de Gabriel de Oliveira re­pousam na Cripta dos Combatentes da Grande Guerra, em Lisboa.

(Respigado do Portal do fado)

Telefono pra ti, tu não atendes
Se sigo os passos teus, foges de mim
Dou-te o meu coração, não compreendes
Ou tens um certo orgulho em seres assim


Eu sei que amaste alguém que te não quis
E que sofres talvez de arrependida
Mas por teres sido um dia tão infeliz
Não quero dizer que o sejas toda a vida


Tu andas-te a vingar do mal que alguém te fez,
Alguém que te enganou,
Que amaste e te deixou, sem penas nem porquês
Tu andas-te a vingar, mas crê que sou capaz,
De sofrer teu rancor,
A dar-te o mesmo amor, que a esse alguém tu dás


Foge ao passado e vive o teu presente
Sem duvidares do muito que eu te dou,
Não me queiras pagar tão cruelmente,
Na moeda que o outro te pagou.


Que importa teres sofrido uma traição,
Daquele a quem amaste com fervor,
Não é renunciando ao coração,
Que alguém pode vingar um falso amor.

Letra retirada do excelente blog Fados do fado


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Traz até mim

Para esta música de Fernando de Freitas do fado Noquinhas, uma letra em quadras de 12 silabas (alexandrinos) da autoria de Paco Gonzalez, que aqui abriu uma excepção, atendendo a que normalmente musica os seus próprios poemas.

Para cantar este fado trago de novo aqui José Manuel de Castro, um grande fadista de Lisboa.

Traz até junto a mim, os sonhos irreais
De ninfas e castelos perdidos no além,
O crepitar da chama, o verde da verdura,
O riso da criança traz até junto a mim.

Se podes traz também, vendavais de alegria,
Tufões de felicidade, o azul do firmamento,
A brancura da espuma, o sabor da verdade,
Para embelezar a hora, do meu primeiro encontro,

Despido da matéria, voando livremente,
Irei á entrevista, para receber de ti,
Bálsamo para o sofrimento, fragmentos de luar
Na vasta imensidão do teu profundo olhar


quinta-feira, 29 de março de 2012

Uma vida noutra vida

A espantosa Carminha, feita talento puro e intuiação para tudo o que é fado, o tempo o sentimento, a atitude, tudo nela é fado. Trago-a aqui de novo para cantar uma letra de Aldina Duarte para o fado pechincha de João do Carmo Noronha um fado tradicional, que, constato hoje é uma estreia aqui na casa

Talvez o mesmo caminho
Seja agora mais sombrio,
Talvez por andar sozinho
Corre o sol atrás do frio.

Em silêncio um coração
Acorda a casa vazia,
Não permite a ilusão
Fingir a dor que trazia.

Porém insisto em mostrar
Que o amor desaparece
Numa vida a despertar
Noutra vida que adormece.

Talvez a lua não queira,
Dizer nada a quem partiu
Talvez à sua maneira
Diga adeus ao que sentiu.



sexta-feira, 2 de março de 2012

Sou como a água do rio

Natural da Marinha Grande, onde nasceu a 6 de Agosto de 1948 começou a cantar aos 16 anos pela mão do maestro Resende Dias aos microfones dos Emissores Reunidos do Norte, vindo a profissionalizar-se pouco tempo depois na Emissora Nacional.

Pode ler-se mais sobre Lenita Gentil pela "voz autorizada" de Vitor Duarte Marceneiro no seu blog Lisboa no Guiness

Aqui na sua magnífica voz, de quem pode cantar tudo o que quiser, porque nunca o fará menos bem, apresento num poema de Mário Martins para a música do fado Tamanquinhas de Carlos Simões Neves

Se fui rio já me não lembro,
Só sei que corri demais,
Numa busca de oceano,
Num esforço desumano,
De banhar praias iguais.

De encontro ás margens, feri-me
Mas o instinto era a foz,
Nem diques me detiveram
E as fontes que me esqueceram
Enriqueceram-me a voz

No meu canto há branca espuma,
E há sedimentos de lodo,
E se há momentos de calma,
Eu convido a minha alma,,
A reflectir o céu todo.

As pontes que me atravessam,
São as certezas que tenho,
Que ao cantar de olhos fechados,
Vejo os pólos limitados,
E o mundo do meu tamanho.



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Resta-me a esperança

ANTÓNIO ROCHA é não só um reconhecido talentoso fadista, estilista notável, como um poeta de mérito. Começou a cantar aos 8 anos, e aos 13 conquistou o 1º lugar do concurso do jornal Ecos de Portugal (1951).

Assim começa o notável blogue de musica de jjsilva, onde para além de poder saber mais de António Rocha, se podem ouvir mais uns quantos fados deste grande senhor do fado

Mais um fado cantado sobre a música da marcha de Alfredo Marceneiro

Mais um dia sem te ver,
menos um dia de vida,
sem te ouvir sem te falar,
porque vieste acender,
esta chama adormecida,
que eu não queria despertar.

Quanto mais foges de mim
tanto mais perto te sinto,
menos consigo esquecer-te
mas se apareces por fim,
vejo-me num labirinto
onde receio perder-te

O amor que em mim despertaste,
é rio que corria manso,
e hoje transborda do leito,
falei-te não me escutaste
estendo os braços não te alcanço.
aumenta a angustia em meu peito

Angustia que não se cansa,
desde dia em que te vi
que me prendeu em teus laços
resta-me apenas a esperança
que não fujas mais de ti
e te entregues em meus braços


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Maria da Cruz

Trago aqui um clássico que a Amália cantou e que Maria da Nazaré interpreta brilhantemente como sempre, esta letra de Amadeu do Vale para música de Frederico Valério chamado Maria da Cruz

Chamava-se ela Maria,
De sobrenome da Cruz,
E na aldeia onde vivia,sorria
Vivia, na paz de Jesus
Tinha um amor, a quem ela
Seu coração entregara
Junto ao altar da capela
Singela, onde ela
Paixão lhe jurara

Mas certo dia,
Veio a saber-se na aldeia
Que o seu pastor lhe mentia,
Que esse amor se lha extinguia
Como a luz de uma candeia
Desiludida, do seu amor, a Maria
Deixou o lar e, perdida,
vem cair desfalecida
Num portal da Mouraria

Sofreu a dor d amargura,
Perdeu o viço e a cor.
E não voltou à ventura,
À doçura, à ternura,
Do amor do pastor
E hoje por cruz, a Maria,
Que é da Cruz, por seu fadário,
Arrasta na Mouraria
A cruz da agonia,
A cruz do Calvário

Ainda canta
Uma canção quase morta,
Mas o estretor na garganta,
Oiço já, quando ela canta,
Ao passar à sua porta
Não tarda o dia
Em que ela, enfim, já vencida,
Terminará a agonia
De arrastar na Mouraria
Toda a cruz da sua vida


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Confissão

Sendo descoberta minha muito recente, lá pelas internetes, percebo que é muito conceituado pelo Norte do País, nesses fantásticos ambientes fadistas que pululam por todo o País e que reflectem o grande amor que existe em Portugal, pelo seu querido fado.

Falo aqui de António de Jesus um fadista de mão cheia, já veterano por certo, que não me canso de ouvir e que deveria ter maior projecção em todo o País.

Agradeço a fpalhinhas que editou um vídeo deste fado que não sei a autoria, (agradeço quem souber me informe) cantado sobre a Marcha de Alfredo Marceneiro e que me permitiu fazer aqui esta referência.

(Entretanto o amigo Manuel Augusto Costa (ver comentário) ajudou-me a esclarecer a autoria do poema deste fado o que agradeço)

No meu outro blog o Guarda fados, onde coloco edições doutros colegas, pode ouvir-se mais de António de Jesus, no ambiente castiço, num desse locais onde se pode ouvir muito fado amador


Ó minha mãe santa e bela
perdoa me se te desgosta
a minha resolução
mas eu não gostava dela,
e a gente quando não gosta,
não engana o coração.

Das coisa mais sublimes,
é ter no peito um cantinho,
para guardar a nossa dor,
e um dos mais graves crimes
é aceitar um carinho,
pagando com falso amor.

Ó minha mãe não a quero,
são santos os teus esforços
mas a minha vida é assim
não a querendo sou sincero
e não sentirei remorsos
de a ver perdida por mim

Ó minha mãe vais saber,
a causa do meu desgosto,
que me faz pensar assim,
é porque eu ando a sofrer,
por outra de quem eu gosto,
e que não gosta de mim,


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Testamento

Este lindo fado magistralmente cantado por Teresa Tarouca, . A letra retirei-a do magnífico fados do fado.

Letra de Alda Lara música de JJ Cavalheiro Júnior-fado menor do porto

Á rapariga mais nova
Do bairro mais velho e escuro
Deixo os meus brincos lavrados
Em cristal límpido e puro

E aquela virgem esquecida
Sonhando alto uma lenda
Deixo o meu vestido branco
Todo tecido de renda

E este meu rosário antigo
De contas da côr dos céus,
Ofereço-o aquele amigo
Que não acredita em Deus

E os livros, rosários meus
Das contas doutro sofrer
São para os homens humildes
Que nunca souberam ler

Quanto aos meus poemas loucos
Esses que são só de dor
E aquele que são de esperança
São para ti, meu amor

P’ra que tu possa um dia
Com passos feitos de lua,
Oferece-los ás crianças
Que encontrares em cada rua



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Maldição

Esta letra de Fernando Farinha, que também interpreta está cantada sobre música do Fado bacalhau, embora muitos fadista gostem de cantar este fado sobre as sextilhas do Pedro Rodrigues, o fado, esse é sempre lindo


Malditos os olhos meus
quando encontraram os teus
e por eles me perdi,
se os meus olhos te não vissem,
talvez ainda sorrissem,
e não chorassem por ti

Malditos os beijos que dei
esse beijos que eu guardei,
para te oferecer com calor,
beijar quem nos faz sofrer,
antes morrer sem saber
o que é um beijo de amor.

Malditos os tempos vividos,
que por ti foram esquecidos,
e que eu não posso esquecer,
Maldito o meu coração,
que sofre esta maldição,
e não deixa de te querer,



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Será pecado

No meu outro blog de fado o Guarda-fados, publiquei um fado cantado por um fadista que não conhecia (insuficiência minha) que descobri na net, António de Jesus, cantando o Somos dois loucos um fado de Artur Ribeiro sobre música de José Maria Antunes, Por curiosidade lembrei que tinha nos meus arquivos um fado os mesmos autores sobre a mesma música, cantado pela Maria Inês a grande fadista do Poço do Borratém, chamado Será pecado.

Será, que este amor é loucura,
será que a nossa ternura,
é crime sem ter perdão,
será, que esta lei faz sentido,
será mesmo proibido,
morar em teu coração.

Será pecado
amar-te assim ,
será maldição
ter esta paixão
cá dentro de mim,
se ninguém pode,
mudar seu fado,
dizei-me senhor,
se este nosso amor,
será pecado.

Será ,que é um mal sem medida,
sentir a vida perdida
se não oiço a tua voz,
será,que ninguém neste Mundo,
sentiu um amor tão profundo,
e amou,assim com nós