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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Amor ausente


Falar de Ricardo Ribeiro, é muito fácil basta dizer "Talento" e repeti-li até à exaustão.

Muito jovem ainda mas já um nome importante, que não deixou de se impor, desde que duplo vencedor indiscutível da Grande Noite do Fado, em juniores e em seniores, começou a sua carreira, nessa local de eleição, onde nascem fadistas e outros se reafirmam, o Restaurante "Os Ferreiras" em Lisboa, pela mão do saudoso Fernando Maurício, que muito o apreciava.

Aqui canta uma letra de Autor desconhecido com musica do Fado Solene de Alberto Correia

Já não vejo o sol nascente
é noite dentro de mim
eu vivo de amor ausente
minha noite não tem fim

Tantas noites sem te ver
tantas preces faço a Deus
que me importa assim viver
se não vejo os olhos teus

Neste maldito desejo
de te querer e de gostar
podes crer se não te vejo
não vejo a noite passar

A noite que me enlaça
a tristeza de te querer
enquanto a noite não passa
passar sem ti é morrer



sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tudo te dei

Insisto na ideia, que não corresponde a uma opinião muito generalizada entre a maioria das pessoas, o diabo da Mula da Cooperativa, confundiu bastante o ouvidas pessoas, mas para mim MAX, foi um dos maiores fadistas que me foi dado ouvir.

Aqui canta esta fado de Joaquim Pimentel, um outro interprete e autor, muitos anos radicado no Brasil, de quem falarei brevemente

Caso não consiga ouvir o fado escolhendo a opção do fundo da página clique >>> aqui


Para te ver feliz
de mim tudo te dei
para te ver sorrir
de tudo abdiquei.
deixei de ser quem era,
na ânsia de querer-te,
e a tudo me humilhei,
com medo de perder-te,
e tu lá nas alturas ,
pra ti o sol brilhava,
enquanto eu cá na terra
em silêncio chorava.

Eu fui a mão,
que te guiou com carinho,
fui o degrau ,
que te ensinou
a subir,
eu fui a luz,
a iluminar-te o caminho,
fui um palhaço a chorar,
para te ver rir.

À lama da mais suja
desci para te encontrar,
e ao ver-te noutros braços
sorri para disfarçar,
disfarçar a vergonha,
de tanta humilhação ,
e os outros
não sentissem,
a minha decepção,
mas hoje, ao recordar,
o que então fazia,
se vergonha matasse
eu já não vivia



terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Chuva

Ele canta é o autor da letra e também da música desta "Chuva".

Falo de Jorge Fernando, pode não ser para muitos a actual melhor voz do fado, mas duvido que não se reconheça ser uma das mais lindas.

A sua extraordinária produção na poética para fado, também o coloca na frente ao pé dos maiores. Haverá algum interprete que não cante pelo menos um tema de Jorge Fernando ? Duvido.

Aqui a interpretação deste seu fado fica a cargo de Mariza, um nome que ganha cada vez mais força em Portugal e no estrangeiro



As coisas vulgares que há na vida
não deixam saudades
só as lembranças que doem
ou fazem sorrir
Há gente que fica na Historia
da historia da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
aquelas que tive contigo
e acabei por perder

há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
náo posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
gelado e cansado
as ruas que a cidade tinha
já eu percorrera
Ai.. meu choro de moça perdida
gritando a cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

a chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
e eis que ela bate no vidro
trazendo a saudade


sábado, 16 de fevereiro de 2008

Fado das horas

Voltar a ouvir Maria Teresa de Noronha é sempre um prazer, agora com música de seu marido, canta uma letra dum dos seus poetas preferidos D.António de Bragança



Chorava por te não ver,
por te ver eu choro agora,
mas choro só por querer,
querer ver-te a toda a hora.

Passa o tempo de corrida,
quando falas eu te escuto,
nas horas da nossa vida,
cada hora é um minuto.

Quando estás a ao pé de mim,
sinto-me dona do mundo.
mas o tempo é tão ruim,
tem cada hora um segundo.

Deixa-te de estar a meu lado
e não mais te vás embora
para meu coração coitado
viver na vida uma hora



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Caminhos sem fim

Ainda não tinha trazido a este meu espaço, uma das vozes fundamentais da história do Fado, Maria Teresa de Noronha, também ela já falecida no dia 4 de Julho de 1993.
De origem aristocrática,(Paraty) veio a tornar-se Condessa de Sabrosa pelo seu casamento com D. José António Barbosa de Guimarães Serôdio, grande admirador do Fado, e guitarrista amador com uma sensibilidade fora do comum. também ele autor de alguns fados que fizeram história e que ela igualmente cantou.

Agora, canta este fado com letra de Maria Rita de Carvalho e musica de Júlio Proença-Fado Proença.

Quantos caminhos cruzados
estrada feitas em bocados
vida que Deus baralhou,
o nosso amor foi mais forte,
e lutando contra a morte,
Deus afinal nos juntou.

Juntámos o nosso amor,
risos desgostos e dor,
sonhamos assim viver,
do sonho à realidade,
só nos separa a saudade,
e o desejo de esquecer.

Foi um minuto somente,
que perdura eternamente,
dentro de ti e de mim,
pode a vida separar-nos,
pode a sorte abandonar-nos,
este amor não terá fim.



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Aquele adeus

No dia 19 de Abril de 2006, morreu Maria Leopoldina da Guia na altura o telegrama da agencia Lusa dizia o seguinte

A fadista Maria Leopoldina Guia, de 60 anos, faleceu hoje de madrugada na Moita do Ribatejo, Setúbal, vítima de doença prolongada, disse fonte da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado.
Até aos 19 anos, cantou fado-canção, tendo por principais referências artísticas Simone de Oliveira e Maria de Lurdes Resende e gravou o seu primeiro disco aos 20 anos.

Vale a pena recordar essa grande voz cantando aqui uma letra de João Maria Veiga sobre música do fado Primavera de Pedro Rodrigues

Tudo acabou nesse adeus
em que vi os olhos teus
partirem para outro lado
sonhámos tanto e depois
o que ficou de nós dois
foi um pouco do passado

Quanto fados te cantei
quantos poemas rasguei
por serem feitos de ti
esqueci-me de tantos dias
nas promessas que fazias
outro fado descobri

Ja é tarde ,meu amor,
o poente perde a cor
e não te vejo voltar,
com a noite vem a saudade,
mesmo longe és a verdade,
que ponho no meu cantar



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Apagou-se a chama

Admito perfeitamente que na primeira vez que se ouça, a voz de Manuel Cardoso de Menezes, não soe perfeita. Peço contudo que se entenda que no fado, o castiço e a "alma de cantar" são atributos que se sobrepõem ao perfeito.

Quantas pessoas não disseram o mesmo e reafirmam hoje que Alfredo Marceneiro não tinha voz nenhuma ?.

Deixemos isso, ouçamos Manuel Cardoso de Menezes cantar esta letra de Conde Sobral, sobre música de Filipe Pinto o tradicional Meia-noite



Soprei apagou-se a chama,
disse-te adeus em seguida
quem diz adeus a quem ama,
diz adeus a própria vida.

Foi uma zanga sem jeito
mas não tem reparação,
tu julgavas ter razão,
eu tinha-a dentro do peito.

Com o coração desfeito
mas a alma decidida
num gesto joguei a vida
num amor que te deu fama
soprei apagou-se a chama
disse-te adeus em seguida


Nunca mais soube de ti
nem o procurem saber,
não me quero arrepender
daquilo que decidi.

Mas sei bem ,quanto perdi
na hora da despedida,
sou como folha caida
sou como, fio sem chama,
quem diz adeus a quem ama
diz adeus a própria vida.




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Deus queira

O inesquecível Fernando Farinha canta um fado com letra e música de sua autoria.


Perdi a noite
vi-te num bar
só sem ninguem
vi que sofrias
e quis por ti sofrer também
dei-te o meu lar
e o mundo riu-se de mim
viu-te feliz e não gostou de ver-te assim


Deus queira
que essas que riem de ti,
não caiam na mesma lama,
onde eu um dia te vi.

Deus queira
se elas um dia caírem,
encontrem alguém que as salve,
como eu te salvei a ti.

Perdi a noite
mas encontrei toda a verdade
por eles rirem,
gostei de ti,

com mais vontade,
dei-te o meu nome
só para mostrar ao mundo,
o riso é pouco,
para vencer amor profundo.