No início da década de 60, José Freire começa a cantar nas conhecidas casas de fado lisboetas e é no final dessa década que entra para o Rádio Clube Português como locutor. A partir dessa altura, inicia duas carreiras paralelas que se prolongaram durante cerca de quatro décadas (nota extraída daqui )
Canta esta sua letra em decassilabos sobre a fado Varela de Renato Varela
Os teus cabelos negros noutro ombro
o teu rosto colado noutro rosto
nos meus olhos parados o assombro
nos meu lábios franzidos o desgosto
Nas minhas mãos vazias o calor
do calor doutras mãos doce e recente
nos teus lábios distantes o sabor
sem sabor do amor que se não sente
Entre nós dois silêncio e um adeus
sem lágrimas capazes de entristece-lo
e ao longe tão ao longe beijos meus
vão de leve poisar no teu cabelo
Lembrei-me que na vida tudo é breve
pois os sonhos mal chegam logo vão
não há bem que o destino nunca leve
nem sonho que não seja frustração
Este blogue é uma homenagem a todos os que amam o FADO. Estão totalmente reconstruídos todos os posts, mas agradeço que sempre encontrem alguma anomalia ma comuniquem
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Luar no teu corpo
Do seu trabalho de 1999 com o título Nas minhas mãos da editora Ovação,Alexandra a grande fadista do Fundão, trouxe-nos este fado com letra de José Luis Gordo cantado sobre o tradicional fado Esmeraldinha de Júlio Proença
Viemos desse tempo tão antigo
Entre esse mar das mãos que tu me dás
As ondas desse mar, por meu castigo
Ficam pressas no vento se não estás
Só posso ordenar aos meus sentidos
O tempo desse tempo que não esqueço
Ao lembrar os caminhos proibidos
Nas luas do teu corpo onde amanheço
Naquela estrela onde o sol se deita
Cabia tão perfeito o nosso espaço
Na janela do meu peito fico á espreita
Entre a vidraça aberta do cansaço
Das lágrimas que chorei eu fiz um mar
De oceanos de tristeza e alegria
Amei por entre as noites e o luar
Que ao nosso lado, amor, também dormia
Viemos desse tempo tão antigo
Entre esse mar das mãos que tu me dás
As ondas desse mar, por meu castigo
Ficam pressas no vento se não estás
Só posso ordenar aos meus sentidos
O tempo desse tempo que não esqueço
Ao lembrar os caminhos proibidos
Nas luas do teu corpo onde amanheço
Naquela estrela onde o sol se deita
Cabia tão perfeito o nosso espaço
Na janela do meu peito fico á espreita
Entre a vidraça aberta do cansaço
Das lágrimas que chorei eu fiz um mar
De oceanos de tristeza e alegria
Amei por entre as noites e o luar
Que ao nosso lado, amor, também dormia
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Lama
Hoje trago uma gracinha, isso mesmo uma gracinha, que não devo repetir, assim como espero que os conselheiros ou a editora do José Matoso, também o façam.
Este tema é um samba brasileiro de 1952 da autoria de Paulo Marques e Alice Chaves, que entenderam servir para ser cantado como fado. A letra foi bastante alterada, sem que se perceba o motivo.
José Matoso dá-lhe um jeito porque não sabe cantar mal, mas como dizia o outro não havia "nexessidade", para mais alterando a paternidade do tema que dizem ser de Mayza Matarazzo, mais uma vez fica como exemplo da forma descuidada como as editoras de fado trabalham em Portugal
Esta é a letra que o Matoso canta
Se quiser beber eu bebo
Se quiser fumar eu fumo
Não me interessa mais ninguém
Se o meu passado foi lama
Agora quem me difama
Viveu na lama também
Comendo a mesma comida
Bebendo a mesma bebida
Respirando o mesmo ar
E hoje, por ciúme
Ou por despeito
Você acha-se no direito
De querer me humilhar
Quem és tu?
Quem foste tu?
Não és nada
Que aos teus olhos
fui errado
Tu foste errada também
Se eu errei
Se eu pequei
Pouco importa
Se aos teus olhos
eu estou morto
Pra mim morreste também
E agora a versão brasileira, a original cantada por Núbia Lafayette,
Este tema é um samba brasileiro de 1952 da autoria de Paulo Marques e Alice Chaves, que entenderam servir para ser cantado como fado. A letra foi bastante alterada, sem que se perceba o motivo.
José Matoso dá-lhe um jeito porque não sabe cantar mal, mas como dizia o outro não havia "nexessidade", para mais alterando a paternidade do tema que dizem ser de Mayza Matarazzo, mais uma vez fica como exemplo da forma descuidada como as editoras de fado trabalham em Portugal
Esta é a letra que o Matoso canta
Se quiser beber eu bebo
Se quiser fumar eu fumo
Não me interessa mais ninguém
Se o meu passado foi lama
Agora quem me difama
Viveu na lama também
Comendo a mesma comida
Bebendo a mesma bebida
Respirando o mesmo ar
E hoje, por ciúme
Ou por despeito
Você acha-se no direito
De querer me humilhar
Quem és tu?
Quem foste tu?
Não és nada
Que aos teus olhos
fui errado
Tu foste errada também
Se eu errei
Se eu pequei
Pouco importa
Se aos teus olhos
eu estou morto
Pra mim morreste também
E agora a versão brasileira, a original cantada por Núbia Lafayette,
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Tantos fados deu-me a vida
José Matoso um fadista de Lisboa, mais um que aqui apresento, vencedor duma grande noite do Fado, a dele foi no ano 2000.
Não sei onde ele canta ou se quer se tem sítio fixo para o fazer. Lembro-me dele ave de arribação, passar por vários locais em Lisboa onde se cantava o fado, para o táxi onde ganhava a vida, cantar os seus fadinho com a o amor que se sentia em cada fala e arrancar, para continuar o trabalho.
É assim a vida de grandes talentos do fado
Aqui canta este fado com letra e música de Jorge Fernando.
Eu fui a voz,
aquela voz dolorida
Cantando a sós
com a solidão da vida,
Mas sei que em mim,
Há um laço transparente,
Que é um generoso abraço
Entre mim e a minha gente.
Tantos fados deu-me a vida,
E eu dei-me todo ao fado,
Em cada noite perdida,
Entre um verso e uma bebida,
Em mil fados fui escutado,
Cantei os sonhos frustrados
Dos poetas sonhadores,
Dei a voz a tristes fados
E ao cantar de olhos cerrados,
Vi mais perto as suas dores.
Eu fui o sal
de tanta lágrima triste
O vendaval que se amaina
e logo insiste,
Mas sei que em mim
Houve sempre á flor da voz
Um fado triste e dolente
Que é o fado que há em nós
Não sei onde ele canta ou se quer se tem sítio fixo para o fazer. Lembro-me dele ave de arribação, passar por vários locais em Lisboa onde se cantava o fado, para o táxi onde ganhava a vida, cantar os seus fadinho com a o amor que se sentia em cada fala e arrancar, para continuar o trabalho.
É assim a vida de grandes talentos do fado
Aqui canta este fado com letra e música de Jorge Fernando.
Eu fui a voz,
aquela voz dolorida
Cantando a sós
com a solidão da vida,
Mas sei que em mim,
Há um laço transparente,
Que é um generoso abraço
Entre mim e a minha gente.
Tantos fados deu-me a vida,
E eu dei-me todo ao fado,
Em cada noite perdida,
Entre um verso e uma bebida,
Em mil fados fui escutado,
Cantei os sonhos frustrados
Dos poetas sonhadores,
Dei a voz a tristes fados
E ao cantar de olhos cerrados,
Vi mais perto as suas dores.
Eu fui o sal
de tanta lágrima triste
O vendaval que se amaina
e logo insiste,
Mas sei que em mim
Houve sempre á flor da voz
Um fado triste e dolente
Que é o fado que há em nós
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Beijos de fogo
Este fado cantado por António Zambujo com letra de Mário Raínho e música do Fado Geeorgino de Georgino de Sousa pertence ao album O mesmo fado editado em 2002, o seu primeiro trabalho e que desde logo foi bem acolhido
Silêncio nem uma pena
quero a minha alma serena
sem soluços na cidade
sequei meus olhos chorados
pus no peito cadeados
p'ra não entrar a saudade
Numa atitude mais louca
pousei sobre minha boca
rosas fogo de quem ama
p'ra se me vencer a fome
de querer gritar teu nome
meus lábios fiquem em chama
Mas a noite é um segredo
confesso que tenho medo
e ao mesmo tempo desejos
de ouvir silêncios rasgados
de quebrar os cadeados
de te queimar com meus beijos
Silêncio nem uma pena
quero a minha alma serena
sem soluços na cidade
sequei meus olhos chorados
pus no peito cadeados
p'ra não entrar a saudade
Numa atitude mais louca
pousei sobre minha boca
rosas fogo de quem ama
p'ra se me vencer a fome
de querer gritar teu nome
meus lábios fiquem em chama
Mas a noite é um segredo
confesso que tenho medo
e ao mesmo tempo desejos
de ouvir silêncios rasgados
de quebrar os cadeados
de te queimar com meus beijos
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Ancorado em mim
Katia Guerreiro lançou em Dezembro de 2003, o seu segundo trabalho , a que chamou Nas mãos do fado, acompanhada por Paulo Valentim na guitarra portuguesa; João Veiga na guitarra clássica e Rodrigo Serrão, contrabaixo.
A minha homenagem a esta fantástica fadista
Letra de Ana Vidal e música de Armando Machado-Fado Santa Luzia
A minha homenagem a esta fantástica fadista
Letra de Ana Vidal e música de Armando Machado-Fado Santa Luzia
Mais forte que a ventania
Vieste com a maresia
Amor sem berço nem fim
Foste o mar e o veleiro
Muito mais que o mundo inteiro
Ficaste ancorado em mim
Nem tormentas nem naufrágios
Nem os mais negros presságios
Mudam as cores deste mar
Só eu conheço os segredos
Só eu navego sem medos
Nas águas do teu olhar
Gaivotas de voo rasante
Vão trazendo a cada instante
Noticias de outras marés
Que me importam outras ilhas
Se eu descobri maravilhas
No fundo do meu convés
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Fado da carta
Entre 2001 e 2003 João ferreira Rosa cantou em ciclos de espectáculos organizados no Wonder Bar do Casino do Estoril dos quais resultou um trabalho do qual faz parte este fado
Letra de João Ferreira Rosa e música de Pedro Rodrigues-Fado primavera
Não me escrevas meu amor
a contar seja o que for
do que se passa contigo
pois antes quero pensar
que só pensas em voltar
ao tempo por ti esquecido
No que escreves e me contas
só indiferença apontas
pelas juras que fizeste
por isso não quero ler
outra carta pra saber
que a mais alguém já quiseste
Eu antes queria fechada
a carta por ti mandada
e que esperei com fervor
pois tua carta tão fria
marcou pra mim a agonia
do que foi o nosso amor
Letra de João Ferreira Rosa e música de Pedro Rodrigues-Fado primavera
Não me escrevas meu amor
a contar seja o que for
do que se passa contigo
pois antes quero pensar
que só pensas em voltar
ao tempo por ti esquecido
No que escreves e me contas
só indiferença apontas
pelas juras que fizeste
por isso não quero ler
outra carta pra saber
que a mais alguém já quiseste
Eu antes queria fechada
a carta por ti mandada
e que esperei com fervor
pois tua carta tão fria
marcou pra mim a agonia
do que foi o nosso amor
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Eu vou dizer amor
No ano de 2005 Lenira Gentil lançou o seu trabalho O Outro lado da fado, donde retirei este fado que aqui publico. A sua voz e alma com que nos encanta, continua a mesma de há 5 anos e de sempre, como os seus 40 anos de carreira continuam a atestar . Quem quiser conferir basta visita-la na sua casa o Faia, onde canta todas as noites.
E neste álbum, editado pela Ovação, Lenita Gentil foi acompanhada por Fernando Silva (guitarra portuguesa), Jaimes Santos (viola) e Joel Pina (viola-baixo).
Letra de Torre da Guia e música de Armando Machado-Fado súplica
Eu vou dizer amor, como um poema,
que nunca consegui realizar
e por amor sentir se vale a pena,
até num mentira acreditar
Eu vou dizer amor e vou sonhar,
que fico nos teus braços toda a vida,
as vezes é tão bom imaginar,
a dor da natureza adormecida.
Eu vou dizer amor à despedida,
com beijos inocentes de criança
e guardar no vazio da partida
a fé infinita da esperança.
Eu vou dizer amor, palavra mansa,
com silabas inteiras de ternura,
amor amor amor que não se cansa,
de repetir cem vezes com loucura
E neste álbum, editado pela Ovação, Lenita Gentil foi acompanhada por Fernando Silva (guitarra portuguesa), Jaimes Santos (viola) e Joel Pina (viola-baixo).
Letra de Torre da Guia e música de Armando Machado-Fado súplica
Eu vou dizer amor, como um poema,
que nunca consegui realizar
e por amor sentir se vale a pena,
até num mentira acreditar
Eu vou dizer amor e vou sonhar,
que fico nos teus braços toda a vida,
as vezes é tão bom imaginar,
a dor da natureza adormecida.
Eu vou dizer amor à despedida,
com beijos inocentes de criança
e guardar no vazio da partida
a fé infinita da esperança.
Eu vou dizer amor, palavra mansa,
com silabas inteiras de ternura,
amor amor amor que não se cansa,
de repetir cem vezes com loucura
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Só mais um fado
Não me engano se afirmar que não há fadista no activo, que não cante pelo menos um fado de Jorge Fernando e isto diz tudo dobre a sua qualidade com poeta do fado. Acrescentando a esse dom, que já não era pequeno, junte-se lhe esta voz maravilhosa, este frasear claro e sem repelões desnecessários, nem exibicionismos estilosos e temos Jorge Fernando.
Normalmente também compõe música para as suas letras mas desta vez meteu o seu poema em cima da música do fado Zeca de Amadeu Ramim.
Este fado está incluso no seu último trabalho de 2009 que chamou de Vidas, onde canta esse tema que deu nome ao álbum por duas vezes em dueto com a grande Amália , mas também com a fabulosa miúda Fábia Rebordão, que ele ouviu, tal como eu dar os primeiros passos como fadista, nos Ferreiras em Lisboa.
Um abraço Jorge e venha mais disto, o Fado espera-o sempre
O frio da noite andou pla minha mão
num rodopio de estrela e luar
doeu-me mais o frio da solidão
que a mão teimosamente a querer gelar.
Em mim, coube-me apenas por memória,
as dádivas do amor que me trouxeste,
sou livro que suspenso ao fim da história,
espera o final, que ainda não escreveste.
Quedei-me algures cansado dos meus passos,
de tentar perseguir o pensamento,
os laços entre nós ficaram lassos
frouxos como o meu próprio lamento.
Dá-me pois a ilusão duma só hora
dum final suspenso e adiado
para se acalmar o frio que me devora,
preciso de te ouvir só mais um fado.
Normalmente também compõe música para as suas letras mas desta vez meteu o seu poema em cima da música do fado Zeca de Amadeu Ramim.
Este fado está incluso no seu último trabalho de 2009 que chamou de Vidas, onde canta esse tema que deu nome ao álbum por duas vezes em dueto com a grande Amália , mas também com a fabulosa miúda Fábia Rebordão, que ele ouviu, tal como eu dar os primeiros passos como fadista, nos Ferreiras em Lisboa.
Um abraço Jorge e venha mais disto, o Fado espera-o sempre
O frio da noite andou pla minha mão
num rodopio de estrela e luar
doeu-me mais o frio da solidão
que a mão teimosamente a querer gelar.
Em mim, coube-me apenas por memória,
as dádivas do amor que me trouxeste,
sou livro que suspenso ao fim da história,
espera o final, que ainda não escreveste.
Quedei-me algures cansado dos meus passos,
de tentar perseguir o pensamento,
os laços entre nós ficaram lassos
frouxos como o meu próprio lamento.
Dá-me pois a ilusão duma só hora
dum final suspenso e adiado
para se acalmar o frio que me devora,
preciso de te ouvir só mais um fado.
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