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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Andorinhas

Carlos do Carmo fez no passado dia 21 de Dezembro, 70 anos. Filho de Lucília do Carmo, imagino que nem ele próprio saberá quantos anos tem de carreira fadista, porque calculo que terá tantos quantos de vida mais os de tempo de gestação.

Nasceu no fado e não sou eu que vou acrescentar seja o que for à história por demais conhecida da importância que ele tem para o fado em Portugal


Letra de Frederico de Brito música de Lino Bernardo Teixeira na Fado Guinginha

Eu vi partir no mês de Outono as andorinhas
E uma vi eu, querer-se mostrar mais desenvolta
Que chilreado elas faziam, coitadinhas
Talvez dizendo o seu adeus, até á volta

Essa ficou junto ao beiral do meu telhado
Eu estranhei de não a ver partir com as mais
Porque afinal nessa manhã de sol doirado
Tudo saiu, tudo abalou dos seus beirais

Tempo depois, tornei a vê-la entristecida
Junto do ninho onde se ouvia outro piar
O companheiro ali ficara de asa ferida
Sem se mover, sem forças ter para voar

Nada faltou, nem até um gorjeio terno
Naquele ninho, onde a amizade é tão sincera
Que Deus lhes dê suave e quente, o duro Inverno
E faça vir o mais depressa, a Primavera



sábado, 26 de dezembro de 2009

Pobre fado

O trabalho de recuperação de alguns fados perdidos continua, pelo que penso já ser possivel ouvir todos sem problema até à etiqueta 077


Concórdio Henriques de Aguiar, que adoptou o nome artístico Nuno de Aguiar, nasceu em Lisboa a 1 de Setembro de 1941 no Bairro da Graça.

Aos 15 anos grava na Rádio Graça e mais tarde em 1960, ganha o “Concurso da Primavera” de fado.

Nuno de Aguiar considera este ano o seu 50ª aniversario de carreira, temos que respeitar se é ele que o diz mas se alguém grava na Rádio Graça em 1956 e ganha prémios, deveria ter
53 anos de carreira

Aqui sobre a letra do fado Isabel de Fontes Rocha canta uma letra de Fernando Farinha


Pobre fado que adorei
Como a um santo se adora
Tão bonito te encontrei
Tão feio te vejo agora

Onde está o teu passado
Tudo o que o povo te deu
Esse povo que era teu
E de ti anda arredado

Andas a ser maltratado
Por gente que te ignora
Fingindo que por ti chora
Como eu por ti chorei
Pobre fado que adorei
Como a um santo se adora

Em vozes sem realidade
Que enfeitam de versos loucos
E assim aos poucos e poucos
Te vão roubando a verdade;

Como eu lembro com saudade
Teu sentimento de outrora
Todo o amor que em boa hora
Tu me deste eu te dei
Tão bonito te encontrei
Tão feio te vejo agora


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cara bonita

Mais outra homenagem a Tristão da Silva aqui se presta com este fado com letra de José Correia e música de Ferrer Trindade


Ao ver teu rosto bonito,
Custa-me a crer não acredito
Que um fado triste te deu
Grande castigo igual ao meu.
Mas se bem te fitar
Nesses teus olhos em que, sem fé,
Um sonho ardeu,
Talvez entenda a razão
Porque tu és tal como eu


Cara bonita
Disfarças bem teu desgosto,
Andas a rir da desdita
Que adivinho no teu rosto
Linda carita,
P'ra te ver feliz eu queria
A tua cara bonita
Junto a mim, noite e dia

Ao ver teu rosto bonito
Custa-me-a crer, não acredito
Que já sofreste também
E p'ra teu mal amando alguém,
A vida, quis assim
E castigou-nos por tanto amar
A mim e a ti
Por isso entendo a razão
Pois, como tu, também sofri



quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Quinze primaveras

Não corro qualquer risco ao afirmar que Mário Rainho era o poeta que Fernando Maurício mais gostava de cantar, porque o próprio mo disse.

Raínho é um homem multi-facetado e no fado começou por cantar mas hoje dedica-se apenas (julgo eu) no que ao fado diz respeito à função de letrista, cujos trabalhos são cantados por todos os fadistas.

Para ler mais sobre Rainho remeto para o que dele se diz aqui.

Tinhas sorrisos em flor
Uns lábios de rubra côr
Como se fossem romãs;
No olhar, tinhas virtude
E na tua juventude
A frescura das manhãs

Nos teus cabelos ao vento
Searas, aonde o tempo
Pôs leve toque dourado
Passearam os meus dedos
Com caricias e segredos
E um mimo mais ousado

Ai meu amor, que saudade
Dessa tua mocidade
Desse tempo de quimeras
Tinhas sorrisos em flor
Uns lábios de rubra cor
E umas quinze primaveras

Caso não consiga ver o clip, clicar ><<<<<<<<<<<<<<<< AQUI


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Não te menti

Letra de Moita Girão música de Miguel Ramos-fado Alberto.

Ana Maurício é especialista em recriar letras sobre fados tradicionais, mais um que aqui trago em sua homenagem

Em pouco tempo encontrei em 2 blogues de amigos fadista a indicação de que a autoria do fado Alberto é de Casimiro Ramos.

Esta confusão aliás é (e foi) sustentada por algumas editoras, ainda hoje pouco cuidadosas na indicação dos autores dos fados.


Tentei investigar e confirmei , (embora sujeito a desmentido que entenderem fazer-me) que o Fado Alberto foi inscrito no SPA em 1967 por Miguel Ramos.


Alguém te foi dizer que adoro o fado
Pensei que não te dessem novidade
Pois quando aprofundaste o meu passado
Com franqueza te expuz toda a verdade

Recordas certamente de eu dizer
É fado esta tristeza que me mói
É fado o meu cantar o meu sofrer
E é fado, esta saudade que dói

É fado o meu beijar, o meu carinho
É fado, o meu sorrir, o meu perdão
Até este passar no teu caminho
É fado, podes crer, meu coração


Eu dava-te razão se te mentisse
Pedia-te perdão logo em seguida
Mas já cantava o fado quando disse
Que és tu, o grande amor da minha vida

(os meus agradecimentos ao amigo fadista do blogue Fados no fado, donde me permiti retirar esta letra de Moita Girão)

Para ver este clip clicar >>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Aqui

domingo, 13 de dezembro de 2009

Tive um barco

(Republicação de post anterior)

Continuemos com Manuel de Andrade, ouvindo agora esta sua letra

Tive um barco e dei-lhe um nome
Dei-lhe um nome feito ao vento
Dei-lhe um nome feito ao mar
Tive um amor e deixou-me
Ficou no meu pensamento
Mas não mais o vi voltar

O seu olhar era a bruma
O seu jeito era o do mar
Em tardes de calmaria
E eram cristais de espuma
Os seus dentes ao cantar
E os seus olhos se sorria

Partimos pla barra fora
Meu amor achei-o estranho
Mais tarde por lá ficou
Onde foi que importa agora
Tive um barco e nada tenho
E o meu amor não voltou

Desta vez cantado por João Braga com música tradicional de Casimiro Ramos



Roseira brava

Este post é uma reedição melhorada, porque eu sou muito teimoso e gosto muito deste fado.



Andei a ver se encontrava
alguma roseira brava
florida de murchas rosas
qualquer coisa que lembrasse
um resto só que ficasse
das nossa horas ditosas

Mas o céu enegreceu
o vento tudo varreu
e de nós nada ficou
na campina nua e fria
nem uma roseira havia
nem uma rosa murchou

Morreu triste o meu intento
morreu levado plo vento
que as roseiras embalava
voltei ao cair do dia
pois no campo não havia
nem uma roseira brava

Esta letra de Manuel e Andrade é cantada sobre uma música dum fado tradicional. o Fado primavera da autoria de Pedro Rodrigues.

Paulo Penim contou, neste seu primeiro trabalho, originais nunca antes cantados em Fado, com a participação dos seus amigos Paulo Parreira na guitarra portuguesa, João Veiga na viola e Rodrigo Serrão no contrabaixo.

Caso não consiga ver o clip clicar >>>>>>>>>>>>> aqui


sábado, 12 de dezembro de 2009

Poesia é oração


Um fadista da velha guarda

Este fado tem letra de Maria Manuel Cid música do Fado solene de Alberto Correia


Se eu morrer e não souberes

rezar por minha intenção

Diz teus versos se quiseres

que poesia é oração


Senão quers ó minha querida

porque não tens a certeza

pinta aguarelas de vida

que a pintar também se reza.


Ou canta, canta na hora,

em que a voz é dor e pranto,

mesmo sendo pecadora,

Deus há de ouvir o teu canto.


E na guitarra a trinar,

meu amor podes enfim,

em cada nota rezar,

um padre nosso por mim





quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Ó meu amor marinheiro

Carminho a nova sensação do fado lançou o seu primeiro disco Fado em Junho deste ano, prepara o seu espectáculo a solo no no CCB.

Para ler mais sobre ela clicar aqui

Este fado tem letra e música de Joaquim Pimentel e foi um grande êxito da grande fadista Saudade dos Santos, já retirada há uns anos

Tenho ciúmes,
Das verdes ondas do mar
Que teimam em querer beijar
teu corpo erguido às marés.
Tenho ciúmes
Do vento que me atraiçoa
Que vem beijar-te na proa
E morre pelo convés.

Tenho ciúmes
Do luar da lua cheia
Que no teu corpo se enleia
Para contigo ir bailar
Tenho ciúmes
Das ondas que se levantam
E das sereias que cantam
Que cantam p'ra te encantar.

Ó meu "amor marinheiro"
O dono dos meus anelos
Não deixes que à noite a lua
Roube a cor aos teus cabelos
Não olhes para as estrelas
Porque elas podem roubar
O verde que há nos teus olhos
Teus olhos, da cor do mar.



segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Perseguição

Em 1945 Amália grava o seu primeiro disco onde estava incluído este fado

Letra de Avelino de Sousa música de Carlos da Maia -fado perseguição

Se de mim nada consegues
Não sei porque me persegues
Constantemente na rua;
Saber bem que sou casada
Que fui sempre dedicada
E que não posso ser tua

Lá porque és rico e elegante
Queres que eu seja tua amante
Por capricho, ou presunção
Eu tenho um marido pobre
Que possui a alma nobre
E é toda a minha paixão

Rasguei as cartas sem ler
E nunca quis receber
Jóias ou flores que trouxesses
Não me vendo nem me dou
Pois já dei tudo o que sou
Com o amor que não conheces

Nesta gravação não sabendo porque razão Amália não canta esta última quadra, que contudo faz parte do fado, conforme cantava a Maria Alice (a criadora deste fado),mas que trocava esta sextilha pela anterior.

Como sentinela alerta
Noite e dia sempre esperta
Na posição de sentido
Eu sou, a todo o instante
Sentinela vigilante
Da honra do meu marido