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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um fado para esta noite



Fiz um descoberta recente, a da fadista Ana Marques. Algarvia de Portimão, mas que vive em Lagos.
Pelo seu curriculo percebi, que é bastante conhecida aqui no "Reino", mas penso que tal não acontece, por enquanto, espero, no resto do País.
Por mim fiquei encantado com a sua qualidade vocal e pela sua presença em palco, acrescentando que gosta de falar com o público, o que normalmente não acontece com os fadista e tem o bom hábito de anunciar os autores dos fados que canta, que demonstra respeito e consideração por eles, sem os quais o fado e os fadistas não existiam..

Este fado faz parte do seu trabalho que tem o título de Fado-Alma e voz e o seu contacto é o TM 914 243 604

Este fado é da autoria de Cesár de Oliveira/ Rogério Bracinha e Ferrer Trindade

Anda deitar-te, fiz a cama de lavado
Cheira a alfazema o meu lençol alinhado,
Pus almofadas com fitas de côr,
Colcha de chita com barra de flor,
E à cabeceira tenho um Santo alumiado.

Volta esta noite p'ra mim
Volta esta noite p'ra mim
Canto-te um fado no silêncio,
se quiseres

Mando um recado ao luar,
Que se costuma deitar, ao nosso lado,
P'ra não vir hoje,
se tu vieres


Uso o meu xaile p'ra nos servir de coberta
E um solitário, ao pé da janela aberta;
Pus duas rosas, que estão a atirar
Beijos vermelhos, sem boca p'ros dar
Sem o teu corpo, minha noite está deserta

Volta esta noite p'ra mim
Pois só é noite p'ra mim
Ser abraçada por teus
braços, atrevidos

Quero o teu cheiro sadio,
Neste meu quarto vazio,
De madrugada, beijo os teus
lábios, adormecidos



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A lua e o corpo

Chico Madureira é considerado no meio fadista como um dos mais importantes intérpretes da sua geração e ao mesmo tempo um mestre e uma grande referência para os mais novos.
Assim se escreveu sobre ele no blog fado.com

Subscrevo essa afirmação como se pode comprovar pela audição deste fado de Rui Manuel sobre o Versículo de Alfredo Marceneiro.

A opção para contacto com Chico Madureira será (julgo eu )

OCARINA
R. Quinta De Santa Marta, 2 L - 1495-171 ALGÉS
Tel. 214 121 136 • Tlm. 969 002 573 • Fax. 214 121 140
www.ocarina-music.pt • ocarina@ocarina-music.pt • ocarina@ocarina-music.pt

Eis que a lua devagar te vai despindo
Atrevendo uma carícia em cada gesto,
De igual modo é que a nudez te vai vestindo
E o teu corpo condescende sem protesto.


Mal os ombros se desnudam, surge o peito
Logo o ventre no desenho da cintura
Cada músculo detém o mais perfeito

Movimento, em sincronia com a ternura

Já as ancas se arredondam e projectam

Sobre as coxas, sobre os vales, sobre os montes

Onde as vidas, noutras vidas se completam

Quando o tempo é um sorriso, ou uma fonte


Fica a roupa amontoada junto aos pés

Quer dos teus, quer dos da cama que sou eu

Estendo a mão, apago a lua, que a nudez
Do teu corpo, fica acesa, sobre o meu




terça-feira, 23 de novembro de 2010

Não me conformo

Carminho Moniz Pereira canta um fado com letra de Emílio Vasco e música de Mário Moniz Pereira

Não sei como pudeste descansar
Noutros braços, sabendo que estou triste
Nem um remorso só te faz lembrar
O que te dei e tu retribuíste

Mas como,Santo Deus,tudo apagado
Nesse teu coração descontrolado
Sabendo tu, que o meu, se queimaria
Numa saudade viva, dia a dia

Bem sei que todo o bem tem sempre um fim
Mas não, não me conformo, assim

Entre nós dois, estão sempre de permeio,
Doces recordações a que me agarro
Na estante, o livro que deixaste a meio,
No meu cinzeiro, o último cigarro

E o lenço que me deste nos meus anos
Mortalha doutros tantos desenganos
Onde guardo o que resta desse adeus
Que os teus olhos trocaram com os meus

Bem sei que todo o bem tem sempre um fim
Mas não, não me conformo, assim


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Árvore de Natal

César Morgado, nasceu em Lisboa na Freguesia de Belém a 20 de Novembro de 1931 e faleceu a 7 de Abril de 1974 em Cais das Pedras, Massarelos, no Porto.

Este tópico foi retirado do blog de Vitor Marceneiro chamado Lisboa no Guiness onde pode ler-se mais sobre este grande fadista do passado. mas ainda por muitos recordado.

A letra deste fado é de Tito Rocha sobre a música do fado menor.

Aquela árvore despida
plas mãos do vendaval,
é a árvore do Natal
do que não tem guarida.

Dezembro noite medonha
a chuva cai de seguida,
tornando inda mais tristonha
aquela arvore despida.

Nem sequer uma só folha
resistiu ao temporal,
não houve excepção na escolha
plas mãos do vendaval

O trovão rebenta breve
amadrontando o casal,
e triste cheia de neve
é a árvore do Natal

Quem não tem casa nem mesa,
quantas vezes diz na vida,
não tem pena a natureza,
dos que não tem guarida.





quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Não te quero perder


Um modesto cantinho como o meu não podia deixar de referenciar Júlio Vieitas um grande nome já desaparecido em 1990, mas a quem o fado deve muito quer como letrista, quer como interprete.

Quem quiser saber mais sobre a biografia deste fadista das Caldas da Rainha, pode consultar o blog de Vitor Marceneiro, onde a vida deste senhor do fado se encontra resumida.

Aqui canta uma letra de sua autoria sobre a música do fado Proença de Júlio Proença

Andei perdido no cais
nesse dia negro dia
sem te ver na despedida,
entre gemidos e ais,
o mar revolto bramia
insultando a própria vida.

Após a tua partida,
vaguei pela cidade,
quis esquecer-te e bebi,
quis dar novo rumo á vida,
mar era sempre a saudade,
que me falava de ti.

Há quem não pense nem veja,
há mesmo quem não suporte,
esta razão singular,
quando a gente se deseja,
só um fim só a morte,
nos consegue separar.

Perdi-te fiz falsas juras,
partiste e por cá fiquei,
alguns anos sem te ver.
quero esquecer tais loucuras,
agora que te encontrei,
jamais te quero perder


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ao longo do tempo


É a segunda vez que aqui trago José Matoso, um fadista admirável. Da primeira vez fiz uma critica não a ele directamente, não sabe cantar mal, mas a quem escolheu uma brasileirada para ele incluir no seu repertório.

Este sim é um fado, tem a assinatura de Paco Gonzalez

Agradeço a letra ao blog amigo Fados do Fado

Quando te vi depois de tantos anos
Secou-se-me a garganta e não falei
Refugiei-me no trem do pensamento
E tu foste a estação onde eu parei

As folhas começavam a caír
As chuvas brevemente iam chegar
O outono tinha tons de primavera
E quando o meu olhar ficou no teu olhar

Sorrimos, conversamos, dançamos e nessa noite
O amor veio depois sem nós pedirmos nada
E nessa comunhão vimos nascer o dia
Envoltos num amor que a noite abençoara,
Deixei-te no teu corpo a força do meu corpo
Deixei-te nos teus lábios a febre de carinho
Depois, sem um adeus, sem lágrimas nos olhos
A vida nos levou deixando-nos sózinhos

A mão da guerra tinha abraçado o mundo
E houve dois caminhos a seguir
O meu destino seguiu por uma estrada
Pela qual o teu destino não pôde ir

A paz voltou á terra de ninguém,
E um dia, por acaso, te encontrei
Ouvi um pequenito chamar mãe
Secou-se-me a garganta, e não falei

Lembrei aquela noite que juntos conversamos
O amor veio depois sem nós pedirmos nada
E nessa comunhão vimos nascer o dia
Envoltos num amor que a noite abençoara,
Deixei-te no teu corpo a força do meu corpo
Deixei-te nos teus lábios a febre de carinho
Depois, sem um adeus, sem lágrimas nos olhos
A vida nos levou deixando-nos sózinhos