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terça-feira, 29 de junho de 2010

Morrer-me devagar


Este fado é do trabalho do Jorge Fernando chamado Vida

Vida” é uma colecção de 16 retratos musicais e poéticos sobre o espírito dos dias. “Sobre o amor, visto como sexo ou como o ultimo refúgio maternal (conforme, por exemplo Morrer-me Devagar e Colo de Mãe, respectivamente) ou sobre o olhar indignado de quem vê o abandono dos que nasceram do lado incerto da vida (Fado da Triste Stripper, Bela Adormecida)”, como descreve, em comunicado, a editora discográfica Farol Música.


Letra de Jorge Fernando música de Miguel Ramos no Fado Alberto


Cruza-se o olhar e cai o céu
Na esfera circundante, do olhar
Sem distinguir o meu olhar do teu
Recuso nossos olhos descruzar

E as mãos, que do meu corpo se distinguem
Apenas p’la suave cor da tez
Pedem aos meus dedos que se vinguem
No deslumbre e no risco da avidez

Assim, eu me harmonizo no confronto
Das ancas, num intenso compassar
E quando meu amor me sentir pronto
Dentro em ti, vou morrer-me devagar


domingo, 20 de junho de 2010

Paradoxos do amor


Pedro Moutinho nasceu em Oeiras, a 11 de Novembro de 1976, no seio de uma família ligada ao Fado desde longa data. Cresceu a ouvir e a conviver com alguns dos mais importantes intérpretes da canção de Lisboa, que o iniciaram na arte de bem cantar. Com 11 anos de idade já cantava em encontros informais e inevitavelmente acabou por se fixar nessa sublime expressão musical de Lisboa…o Fado.

Este fado pertence ao seu útimo e notável trabalho "Copo de sol"

Letra de Rogério Oliveira música do Fado freira do Miguel Ramos

Há no seu jeito inseguro
Um toque de charme puro
Que desnorteia e emudece
São coisas que não se entendem
Mas sei que muito me prendem
Dum modo que não se esquece

É como ter sempre um muro
Não ver além um futuro
Sem que por ela não passe
Pousar a mala na estrada
E ver a vida adiada
Como se alguém a levasse

As leis precisas do amor
E os predicados da dor
Andam sempre lado a lado
Amar é ter por condão
Estar preso e dessa prisão
Não querer ser libertado

Letra retitada desse cantinho de amor fadista chamado Fados do fado


quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fora de horas



Volto a lembrar aqui Fernanda Maria cantando este fado letra e musica de Belo Marques

e depois para continuar a ouvi-la pode escolher este outro fado Sou companheira do vento, que

Jorge Silva colocou no seu magnífico blogue de fado.


Fadista geme a tua desventura
Não faças conta ao tempo quando choras
Que o Fado em certas horas de amargura
Só deve ser cantado fora de horas

Não bate o coração a horas tantas
Nem sabe quando ri ou quando chora
O Fado é mais sentido quando cantas
Se a hora de o cantar passa da hora

O Fado é o destino de uma hora
Um dia ela virá, mas não sei quando
Quem tem um coração que canta e chora
Não pode ouvir as horas que vão dando

Bateu-me o Fado à porta lentamente
A quem fui receber de mãos abertas
Meu triste coração ficou doente
E nunca mais bateu a horas certas



sexta-feira, 4 de junho de 2010

Engraxador


Um fado muito antigo de autor desconhecido e que vale por isso mesmo como recordação, porque obviamente a letra se encontra absolutamente descontextualizada dos tempos de hoje

A voz é de Maria Lisboa uma fadista "desaparecida" das lides e que começou a sua carreira como Milú Mendes. Alguém sabe dela ?

Se eu pudesse com a luz minha
dar luz à minha mãezinha
que bom seria meu Deus
cegou para me dar à luz
e hoje por sua cruz
não tem luz nos olhos seus

Era a suplica dum filho
ao ver os olhos sem brilho
da mãe que tanto adorava
põe ao ombro a tosca caixa
mas antes de ir para a graxa
beija a mãe e então parte

Na rua alguém o chamou
a quem o petiz engraxou
e lhe diz sem artifícios
quem diria rapazinho
que tu assim tão miudinho
já sabias o oficio

Diz o pobre em voz serena,
o ver brilhar faz me pena,
eu queria cegar também,
ponho o calçado a brilhar
mas brilho não posso dar
aos olhos de minha mãe

Disse o freguês ao garota
Deus ouviu o teu pedido
porque a tua alma é bela
se tua mãe é ceguinha
porém não é sozinha
também és cego por ela