Este blogue é uma homenagem a todos os que amam o FADO.
Estão totalmente reconstruídos todos os posts, mas agradeço que sempre encontrem alguma anomalia ma comuniquem
Muitas vezes por razões que nada têm que ver com a sua qualidade como fadista, ouço pessoas denegrir Gonçalo Salgueiro, que talvez por isso tarde em afirmar-se como um valor indiscutível do fado. Porém quando se ouve Gonçalo Salgueiro ou quando se tem o prazer de o ouvir cantar ao vivo, não pode deixar de ser contagiado, pela sua voz mas sobretudo pela alma pela emoção, com que interpreta, cada fado do seu repertório. Este fado para a música do fado Acácio é de sua autoria
Já me tenho referido bastantes vezes a esta talentosa fadista que dá pelo nome de Ana Marques e que insisto merece uma grande oportunidade. No próximo dia 29 de Julho, vou por certo ter oportunidade de voltar a ouvi-la, já que ela actua em Portimão no restaurante Lusana. Quem não a conhece não deve perder a oportunidade de a ouvir Ei-la num fado difícil de cantar talvez por isso pouco cantado, uma letra de Reinaldo Ferreira para a música de Alain Oulman
Quem dorme à noite comigo,
é meu segredo, Mas se insistirem lhes digo, O medo mora comigo Mas só o medo É cedo porque me embala, Num vai-vém de solidão
É com silêncio que fala Com voz de móvel que estala E nos perturba a razão Gritar: quem pode salvar-me, Do que está dentro de mim, Gostava até de matar-me Mas eu sei que ele há-de esperar-me, Ao pé da ponte do fim
Sempre gostei imenso de ouvir Maria Valejo cantar, lembro-me que a primeira vez que a ouvi, na sua condição de fadista, foi há muito anos, na casa de fados que Tony de Matos geria. Lembro que ela fazia parte do elenco, repartindo a actuação com o Tony e com outra grande fadista chamada Lídia Ribeiro.
Que é feito de Valejo ? Este minúsculo país consegue ocultar os seus melhores, enquanto dá guarida a qualquer palerma, que entende que usar o inglês para se exprimir é o melhor para as sua carreira, que dura por vezes muito pouco e não se alarga além de Badajoz
Este fado chamado Um fado é pouco tem letra de Artur Ribeiro para a música da marcha de Raúl Pinto
Um fado só, não vai dar Para contar à cidade, Os sonhos que de mim trago, Um fado, não vai chegar Nem para dizer metade, Do amor que te consagro,
Um fado só não é nada, Para dizer cada anseio, Do nosso amor sem razão, Desta paixão desvairada, Que não sei como é que veio, Nascer no meu coração.
Para falar, de dois loucos, Um fado só não vai dar, Nem vai dar a minha voz, Todos os fados, são poucos, E mesmo assim, se calhar Vai ficar além de nós
Para além de toda a sua alma fadista, Fernando Maurício é um exemplo de bem cantar, o respeito que ele sempre teve pela palavra dos poetas e pela necessidade que o fadista tem que essa mensagem chegue a quem ouve o fado. A extrema clareza, com que canta, faz com que se percebam cada uma das doze silabas deste alexandrino que Fernando Peres escreveu para a musica de Joaquim Campos. No dia 13 do próximo mês, passará o 10ºano da sua morte. É incrível, como o tempo passa depressa, mas ao mesmo tempo, como a sua voz e o seu exemplo enquanto homem, refletida na humildade do seu comportamento, fará dele sempre o nosso REI. Aos jovens fadistas, recomendo, ouçam vezes sem conta todos os seus fados, não para o imitarem, mas para que possam perceber como se canta, como se tratam as palavras, em voz de fado.
A minha vida inteira, é toda despedida,
Dum momento d'amor, que não quiseste dar,
A minha vida inteira, é toda a tua vida,
Tristeza sem rancor, de não poder amar.
A minha vida inteira, já cabe num só beijo,
Tem alma de ansiedade, que vem das madrugadas,
A minha vida inteira, é feita de desejo,
Com corpo de verdade, esperanças fatigadas
A minha vida inteira, vive á tua procura,
Anda pela cidade, perde-se em tantas ruas
A minha vida inteira, é toda esta tortura,
Que é feita de saudade, por ter saudades tuas
Na guitarrada de hoje destes 4 interpretes só José Pracana está vivo, mas é um momento fantástico Atacando o menor do Porto e o fado Lopes e acabando nas conhecidas variações em ré, vale a pena prestar atenção. A guitarrada também é fado, ao contrário do que por vezes acontece, quando público menos atento entende que a guitarra é uma pausa para uma converseta com os amigos
Francisco Pessoa começou a cantar o Fado com 17 anos lá pelo anos 60 Esta letra de Mário Martins para a música do fado Alberto de Miguel Ramos é desse tempo
Julgo que Francisco Pessoa, ainda está vivo, mas retirou-se há muito tempo, mas ainda há muita gente como eu, que o recorda
A hora é de saudade, meu amor,
nas longas noites calmas, de luar, é hora é de silencio, meu amor, de tudo o que entristece recordar. O tempo em que ideais, prometemos chegar onde ninguém tinha chegado, mas logo no inicio, nessa estrada, ficou tudo o que foi imaginado Parados estão meu olhos, nesta hora, perdidos plo caminho, e tão cansados, a recordar o mundo, que perdemos, por caminhar a par, desencontrados. E nada do que fizemos, foi pecado. nada do que dissemos, foi verdade, não é bem desta vida, meu amor, que qualquer um de nós, terá saudade
Helena de Castro, uma fadista da Mouraria, que já aqui foi referida algumas vezes, pode acrescentar à sua carreira que passou, por grandes casas de fado, hotéis e teatro de revista, a faceta de poetisa, como é o caso deste poema por si interpretado, para a música do fado margaridas de Miguel Ramos. Quem quiser visitar o seu cantinho no FB, encontrará por lá outros poemas e outros fados que o seu talento e a sua extraordinária voz, valorizam Guardo em mim, o cheiro do teu amor, cobrindo o meu corpo, como lençóis, cheira a pinho, tem perfume de flor, de verdes campos, beijados plo Sol Molha meu corpo, com tuas marés, nelas, tens o cheiro a maresia então, envolta nessa magia, deixa, que adormeça a teus pés, Se partes, fica esse teu odor, penso, que ainda estás comigo, A mistura do cheiro, é melhor quando faço e quero amor contigo Meu amor é só no Paraíso, que me encontro, e me dou assim, para ser tua, nada mais preciso, que teu cheiro, guardado em mim.
Na guitarrada de hoje trago aqui na guitarra Ricardo Martins e na viola Aníbal Vinhas interpretando o Vira de Frielas
Dina do Carmo é uma fadista já com larga experiência e que continua em grande forma cantando a sua paixão pelo fado.
Trago-a aqui cantando um fado que não sendo um dos seus mais famosos ( A beira do cais é o mais famoso) é um fado que eu gosto muito um fado de Júlio de Sousa também autor da música
Oferece o teu amor A quem te possa amar A minha boca fria não tem alegria Nem mesmo a cantar Na cruz da minha vida Não quero mais sofrer Não quero ser vencida nem mulher perdida Por tanto te querer
Não queiras no peito essa flor sem perfume, sem cor Que não sabe enfeitar Não queiras a esmola do amor de quem não sabe dar Amantes não quero, não quero Só este me pode agradar É belo e castiço o meu fado, amante sem par É ele quem me beija É ele quem me abraça Nas noites de luar Se fico a pensar na vida que passa E passa a vida inteira Saudade e amargor Ao longe uma toada canta a madrugada És tu meu amor (Letra retirado do blog Fados do fado a quem agradeço)
Uma guitarrada que é um mix de várias peças, interpretada magistralmente por
Continuando a insistir em especial com os jovens fadistas, que vale a pena procurar, quando constituem o seu repertório, por fados que embora menos "cantados" não deixam de ser magníficos, como é o caso deste de autoria do poeta José Fernandes de Castro, com música de Nel Garcia. Gosto de dizer a quem me pergunta, que o êxito duma carreira fadista, está na voz, na alma com que se canta e nunca no facto de se cantar um fado muito conhecido ou pôr o público a bater palminhas.
Acrescente que a letra deste fado foi retirada do blog do próprio autor, esse blog magnífico chamado Fados no fado, que muito pode ajudar nas escolhas que acima referi Quem canta este fado é uma fadista de Gaia, chamada Rosa Ferreira da Costa, conhecida como ROSITA
Vou inventar uma noite de luar E se o tempo me ajudar inventarei mil estrelas Vou colocar mais fogo no teu olhar Para que possas brilhar muito mais que qualquer delas
Nós dois... inventaremos a vida A vida... inventará felicidade O tempo... inventará a partida E a dor sentida... inventará mais saudade
Vou descobrir um amor que há-de vir P'ra contigo repartir o mel da minha invenção Vou desfrutar dessa minha ideia louca E vou pôr na tua boca a voz do meu coração
O guitarrista de hoje é Angelo Freire interpretando Variações sobre o fado Sabrosa Este jovem é um taleto do fado, como executante da guitarra, mas que além disso tem um voz magnífica
Um dos objectivos deste espaço para além de homenagear o fado e os seus interpretes, não deixa de fora os autores sem os quais não havia fado Tenho constatado, que muitos jovens fadistas, tendem a incluir nos seus repertórios, fados que "estão na moda" cantar, o que leva a uma certa saturação auditiva de alguns fados e por consequência alguma repetição. Fazendo alguma pesquisa, muita coisa interessante há para cantar. Outra preocupação minha, é tentar não me repetir colocando aqui, fados cantados por fadistas mais divulgados, por não ser necessário, porque pela blogosfera existem muitas edições que dão conhecer esse nomes. Gosto de evidenciar aqui, nomes menos conhecidos, mas que quanto a mim tem qualidade, como é o caso que Paulo Cangalhas, um fadista do norte (julgo que tem um restaurante em Matosinhos) que canta aqui uma letra de Gervásio Miguel (um desconhecido para mim). sobre a música de Joaquim Pimentel do conhecido fado Meu amor marinheiro. Eis uma boa solução para quem gosta desta música, não cantar sempre o mesmo fado. como acontece agora sendo que se trata dum dos fados da moda, como referi
Sinto saudades desses tempo em que eu era, feliz, por te ter à espera, de mim a horas tardias Sinto saudades, dum beijo teu mordiscado, quando dormia a teu lado, sabendo quanto me querias Sinto saudades, de toda a tua frescura, das caricias da ternura, que só tu sabias dar Sinto saudades do loiro dos teus cabelos, e dos teus olhos tão belos, quando me querias amar Anda matar as saudades que não me deixa um momento, vem ouvia a voz do mar, a murmurar meu lamento Anda matar as saudades, esta noite em nossa cama, amor de amar de verdade temos nós, só tem quem ama
Raul Néry na guitarra portuguesa e Joaquim do Vale na viola tocam Lisboa ao entardecer. O autor desta "Lisboa ao Entardecer" é o Conde Jan Tisky, um polaco que
foi casado com a decoradora portuguesa Frances de Vasconcelos. (vídeo retirado do you tube produção de Fado3carabelas)
Que se pode dizer mais sobre o grande Fernando Maurício, o mestre o estilar ìmpar e sobretudo um grande homem com um coração e uma modéstia sem limites. Aqui canta uma letra de Mário Raínho, um dos poetas que ele mais cantava, numa sextilhas para o marcha de João Maria dos Anjos
Nasci talhado de fado Cresci no tempo a correr Sem direito de sonhar; Não parei no meu passado Fui menino sem saber E condenado a cantar
Tive a noite por guarida Deram-me um fado, por pão
Por enxerga, a fria rua
Dormi à margem da vida Ao lado da solidão
Coberto p'la luz da lua
Queria voltar a nascer E sonhar um só momento
No meu mundo pequenino Passou o tempo a correr Não tive idade nem tempo
De brincar e ser menino
Na guitarrada de hoje apresento o Ricardo Martins acompanhado pelo seu irmão Nuno Martins na viola, na Variações em Ré. Numa visita ao seu blog poderão assistir a muito mais desta jovem dupla e ... não só
Hoje ao conversar no FB com a minha amiga Helena de Castro, ela também grande fadista, lembrou-me de Júlia Lopes uma veterana fadista, que ainda não há muito tempo estava em excelente forma vocal. Dona do chamado vozeirão, lembro-me dela no inesquecível Ferreiras em Lisboa, e o seu famoso baté o pé no chão, com que terminava alguns fados, dando expressão à alma com que viva cada fado Hoje relembro-a aqui cantando o fado Ninguém quer saber de mim, uma letra de João Dias para o fado Proença de Júlio Proença Não me perguntem quem sou, onde vais pra onde eu vou ou se estou triste ou contente, barco de vela rasgada, sigo ao encontro do nada, que me chama do poente. Meus olhos plantaram estrelas, ninguém se ergueu a colhe-las que se apagaram cansadas esta é a noite mais escura este negrume perdura, sem esperança de madrugadas. No mar da minha ansiedade, naufrago até a saudade, do que já fui e passou, Não queiram saber de mim, que eu sigo direita ao fim, contente de ser quem sou
A guitarrada der hoje é pelo conjunto de guitarras de Raul Nery interpretando Variações sobre o fado corrido
Relembro aqui Maria da Saudade uma fadista algarvia que vive segundo julgo em Portimão e que já tem uma carreira longa, Aqui canta este fado de Mário Raínho para o fado Tamanquinhas de Carlos Simões Neves
Dentro de mim este fado neste jeito quase ateu, é virtude é pecado, faz o fado ser cantado que não chegou a ser céu Esta voz quase chorada e também quase ventura, andorinha que esvoaça, é caminho de desgraça, no beiral desta loucura Dentro de mim este grito, de solidão e de pranto, canto tristonho e aflito, que não chega ao infinito nasce e morre neste canto. E plo fado que me enleia amarras-me até doer navegas em minhas veias com a força das marés cheias no meu corpo de mulher
Na tentativa de homenagear outros intervenientes na História do nosso fado, vou tentar colocar aqui, em complemento às minhas publicações, peças do que habitualmente se chamam guitarradas, que vou apanhando ai pela net agradecendo desde já aos autores dessa publicações que aqui reproduzo. Hoje Variações em mi menor tocadas por José Manuel Neto na guitarra e Carlos Manuel Proença na viola
Ana Marques canta este fado do jovem e talentoso Diogo Clemente autor da letra e da música.
Ana Marques é das fadistas que quanto a mim se aproxima mais das tonalidades e na forma de entoar da Amália Rodrigues, há passagens no seu cantar que remetem para ela,
Boa noite à solidão Disse um dia quem me disse Que a saudade é uma espera Dava o tempo e a razão Pra que a vida me despisse A saudade que me dera
Porque mais do que a vontade Mais que a sede dos meus dedos De hoje em ti eu me perder São os braços da saudade Que se perdem nos meus medos No meu corpo a anoitecer
Que a cada beijo que a vida Me fez dar á solidão Como um amor que não conheço Deu-me a voz da despedida Que é muita mais que a razão E que a voz de que me esqueço
Boa noite, noite fria, Digo às horas de amargura Que se estendem noite fora Boa noite, disse um dia Quem sentiu da noite escura A tristeza desta hora
Lucilia do Carmo ficará para sempre na História do fado .Passados que foram 14 anos após a sua morte, permanece na nossa memória devido ao êxito a sua longa carreira de mais de 40 anos, embora se tenha retirado relativamente cedo na década de 80, quando ainda seria de esperar que a continuasse Este fado é de autoria letra e música de Mário Moniz Pereira
Partiste, tudo na vida tem fim Sempre disse cá para mim que isto iria acontecer Partiste, mas a culpa não foi minha Foi da vida que caminha muito depressa a correr Partiste, foi-se o amor, veio a amizade Esta nova realidade não quiseste comprenderAgora, prefiro ser a ternura Que estando só é mais pura, que estando triste não chora Sem ti, é mais fácil eu saber Que a vida está por viver e que ainda não morri Partiste p’ra longe da minha vista Pode ser que assim resista á tentação de te ver Partiste, continua sempre em frente E não voltes de repente que te vais arrepender Partiste, por favor não voltes mais Mas não digas p’ra onde vais, se não queres que eu vá lá ter