Em verdade se diga que Pedro Homem de Melo já morreu há 26 anos sendo também verdade que não é suficientemente lembrada a sua qualidade de poeta e devidamente identificado e divulgada a sua acção em prole da cultura popular, que ele conheceu profundamente.
O fado e os que o amam, contudo não o esquecem, imensas são as suas letras, que, aposto , não há fadista que não o cante. Esta é menos conhecida mas nem por isso menos bela.
Do magnifico trabalho de Paulo Penim de 2003,( para quando outro trabalho com a qualidade daquele álbum a que chamou Os nomes do amor ?), este fado uma letra dele de 1952, mas que demonstra bem a intemporalidade da poesia.
A música é do fado Margaridas de Miguel Ramos, um tradicional para decassílabos
Quando virás na vaga proibida
com maresia e vento ao abandono
pôr nos meus lábios um sinal de vida
onde haja apenas pétalas e sono
Com teu olhar de nuvem ou cipreste
com uma rosa oculta por florir,
se te chamei e nunca mais viste,
quando virás sem que eu te mande vir,
Quando quebrando todos os segredos,
na aragem que a poeira deixa nua,
virás deitar-te um pouco nos meus dedos,
como o sol como a terra como a lua.
E porque a minha boca te sorrira,
tentando abrir uma invisível grade,
quando virás sem medo e sem mentiras,
dar ao meu corpo a sua liberdade.
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