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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sotão da amendoeira


Na voz do Fernando Maurício, que tantas vezes ouvi cantar este fado, a sós ou repartindo o fado com outros colegas.

É uma saudade.

Letra de Carlos Conde Música de Raul Pinto-Marcha


Naquele típico sótão Sob as telhas mais antigas
Da Rua da Amendoeira
Inda há traços que denotam

O sabor dado às cantigas
Pla Matilde cantadeira

Airosa mas inconstante

A Matilde dava ao Fado
A graça de outros estilos

No velho café cantante
Que ficava mesmo ao lado
Da Estalagem dos Camilos

No sótão esconso e sujo
Três sombras, porte ufano
Espreitam a Mouraria
As lágrimas dum Marujo

Os ciúmes dum Cigano
E os remorsos de um Rufia

Senti presos os meus pés
Mas desviei o caminho

E quedei-me ali à beira

Só para ver outra vez

Aquele sótão velhinho
Da rua da Amendoeira

Fado da sina

João Braga volta aqui para cantar um velho fado que pertenceu ao repertório da grande e inesquecível Hermínia Silva.


Letra de Amadeu do Vale e Música de Jaime Mendes que assinou música e canções para alguns dos mais populares filmes portugueses de sempre, como O Costa do Castelo, O Leão da Estrela, A Menina da Rádio ou Um Homem do Ribatejo, e criações como o Fado da Sina, o Fado Marialva ou Lenda das Algas. Faleceu em 1997, com 94 anos.



Reza-te a sina nas linhas traçadas na palma da mão
Que duas vidas se encontram cruzadas no teu coração
Sinal de amargura, de dor e tortura, de esperança perdida
Indício marcado, de amor destroçado na linha da vida

E mais te reza na linha do amor que terás de sofrer
O desencanto ou leve dispor de uma outra mulher
Já que a má sorte assim quis, a tua sina te diz
Que até morrer terás de ser sempre infeliz

Não podes fugir ao negro fado brutal
Ao teu destino fatal que uma má estrela domina
Tu podes mentir às leis do teu coração
Mas ai... quer queiras quer não
Tens de cumprir a tua sina

Cruzando a estrada da linha da vida traçada na mão
Tens uma cruz, a afeição mal contida que foi uma ilusão
Amor que em segredo, nasceu quase a medo, p'ra teu sofrimento
E foi essa imagem a grata miragem do teu pensamento

E mais ainda te reza o destino que tens de amargar
Que a tua estrela de brilho divino, deixou de brilhar
Estrela que Deus te marcou, mas que bem pouco brilhou
E cuja luz aos pés da cruz já se apagou



sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Fado do cartaz

Teresa Tarouca, volta aqui para cantar um dos seus fados mais conhecidos

Letra de Manuel de Andrade musica de Alfredo Marceneiro-Marcha

Numa tasca bem castiça
De paredes de caliça
Um cartaz se destacava;
Foi uma grande toirada
Disse, da mesa avinhada
Um campino que ali estava

De manhã o sol nascia
E já ao longe se ouviam
Os foguetes a estalar

Veio a tarde sorridente
Foi aos toiros toda a gente

Estava a praça a abarrotar.

O Simão, alegre e vivo
Cravou seis ferros ao estribo
Num toiro dos de Bandeira.

Mascarenhas, meia praça
Pega com a fina graça

Desse Marquês de Fronteira

Depois, o mestre João
Arrancou grande ovação
Com o seu novo tourear

E num toiro de Salgueiro
Foi Ricardo, o cernelheiro

Jorge Duque a rabujar

Quando o campino acabou
Toda a gente reparou
Que estava quase a chorar

Ficou na tasca castiça
Destacado entre a caliça

Um cartaz p’ra recordar

o agradecimento habitual ao blog fados no fado


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pombalinho

Eu gosto muito de ouvir a Margarida Bessa, embora a ouça pouco, como à maioria dos artistas portugueses, as rádios e as Tvs portuguesas não gostam de fado.

Este fado é da autoria de Carlos Nozes e a música de M.Franklim

Caso não consiga ouvir o fado, escolhendo a opção de fim de página clicar >>>>> aqui

Avé Maria sagrada



Naquela casa afastada
A miséria fez morada
E nunca mais quis saír;
Quem lá mora, não tem nada
Mas nos vasos da sacada
Há saudades a sorrir

Saudades lembram a esperança
Que nunca morre nem cansa / Se viveu no coração
Embora pesem no peito
Sombras d’amor já desfeito / Sempre fica uma ilusão

Por isso mesmo, que importa
Que a saudade bata á porta / Se a esperança entra a seguir
E como o sol da alvorada
Nos canteiros da sacada / Há saudades a sorrir

Créditos: Letra de fados no fado (com os meus agradecimentos)


Pombalinho - Margarida Bessa

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Perdida

Este fado de Max, mais um do grande fadista madeirense, (raramente recordado por essa sua vertente, é o mais pelo lado menor das "Mulas da cooperativa "), em música de Carlos Rocha, com letra de Artur Ribeiro


Não rias não faças troça,
de quem passa enquanto danças,
já foste menina e moça,
já tiveste louras tranças.

Agora louca e perdida,
de tudo o que já foi teu,
andas a rir divertida ,
do Mundo que te perdeu.

Assim perdida,
da vida ausente
estás convencida,
que esta vida,
é só o presente.

Mas não te esqueças,
que a boa estrada,
sempre aparece
depois da má terminada

Deixa a roupa da desgraça,
cair de manso a teus pés,
e verás que bem se passa
sem luxos nem cabarets.

E de novo assim vestida,
duma maneira diferente,
deixarás de ser perdida,
serás mulher novamente.



sábado, 13 de dezembro de 2008

Rua do Capelão(Novo fado da Severa)

A cantadeira Dina Teresa de seu verdadeiro nome, Dina Moreira, nasceu em Avintes (Vila Nova de Gaia), em 1902 e morreu em Lisboa em 1984. Foi durante muito tempo actriz secundária de revista, até que Leitão de Barros a escolheu pelo seu tom de pele (pois era muito morena), depois de um concurso para a protagonista do filme “Severa” em 1931. Foi ele quem lhe escolheu o nome e a iniciou no percurso da fama. Apareceu em enumeras revistas, mas nunca conseguiu atingir primeiro plano como cantadeira.

Crédito : retirado do blogue Fado canto

Letra de Júlio Dantas música de Fernando Freitas

Oh Rua do Capelão
Juncada de rosmaninho;
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho

Tenho um degrau no meu leito / Que é feito p'ra ti somente
Oh meu amor, sobe-o com jeito
Se o meu coração te sente / Fica-me aos saltos no peito

Tenho o destino marcado / Desde a hora em que te vi
Oh meu cigano adorado
Viver abraçada ao fado / Morrer abraçada a ti

Créditos : Letra retirada de fados do Fado


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Lugar vazio


Tony de Matos , o artista nascido no Porto mas que se tornou um símbolo do fado lisboeta, faleceu em Lisboa em 1989, com 75 anos

Este fado tem letra de Fernando Farinha e música de Alberto Correia

É de noite que me lembro de tudo o que eu tinha
Ao deixar-te abandonada, deitada, sózinha
Lembro aquela felicidade que um dia foi minha

Chego a julgar-me a teu lado, contigo deitado
Procuro na escuridão, mas o teu lugar vazio
Está tão vazio e tão frio
Como esse teu coração

Olhando a tua moldura, deduzo por fim
Que ambos sofremos o mesmo destino ruim
Falta nela o teu retrato e faltas-me tu a mim

Caso não consiga ouvir o fado, escolhendo a opção de fim de página clicar >>>>> aqui

Lugar Vazio - Tony de Matos

domingo, 7 de dezembro de 2008

Maria Madalena

Este fado tem letra de Gabriel de Oliveira sob mote de Augosto Gil e música de Fernando Freitas (pai de Fernando Girão)

Cantado por Lucília de Carmo, fadista já falecida mãe de Carlos do Carmo. Nasceu em Portalegre em 1920, embora tenha vindo para Lisboa apenas com 5 anos.

Uma estilista do fado, que durante anos explorou uma casa de fados bem conhecida em Lisboa com o nome de Faia.

Faleceu em 1999 depois de doença prolongada.

Quem por amor se perdeu
Não chore, não tenha pena
Uma das santas do céu
Foi Maria Madalena

Desse amor que nos encanta
Até Cristo padeceu

Para poder tornar santa
Quem por amor se perdeu


Jesus só nos quis mostrar
Que o amor não se condena

Por isso, quem sabe amar
Não chore, não tenha pena


A Virgem Nossa Senhora
Quando o amor conheceu

Fez da maior pecadora
Uma das santas do céu


E de tanta que pecou
Da maior á mais pequena

Aquela que mais amou
Foi Maria Madalena


Creditos : Letra retirada de Fados no fado




quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Primeiro amor

A Letra é de Nelson de Barros a música de Frederico Valério a voz inconfundível da nossa cigana do fado Cidália Moreira

Ai quem me dera
Ter outra vez vinte anos
Ai como eu era
Como te amei, santo Deus!
Meus olhos
Pareciam dois franciscanos
À espera
Do sol que vinha dos teus

Beijos que eu dava
Ai como quem morde rosas
Quanto te esperava
Na viva que então vivi
Podiam acabar os horizontes
Podiam secar as fontes
Mas não vivia sem ti

Ai como é triste
De o dizer não me envergonho
Saber que existe
Um ser tão mau, tão ruim,
Tu que eras
Um ombro para o meu sonho
Traíste o melhor que havia em mim

Ai como o tempo
Pôs neve nos teus cabelos
Ai como tempo
As nossas vidas desfez
Quem me dera
Ter outra vez desenganos
Ter outra vez vinte anos
Para te amar outra vez!