Querendo ver outros blogs meus consultar a Teia dos meus blogs

segunda-feira, 31 de março de 2008

Ai se os meus olhos falassem

Tristão da Silva tem que voltar aqui à galeria, cantando este fado da autoria de Jerónimo Bragança e Nóbrega e Sousa

Quanto mais quero esquece-la, vejam lá
Tanto mais me lembro dela, por meu mal
Eu não sei viver sem ela
Passo lá rente à janela
Sem ver dela nem sinal

Se a encontro por acaso, como é bom
Mas passamos adiante sem olhar,
Por orgulho quando passo
Eu até apresso o passo
Mas depois volto a passar

Ai, se os meus olhos falassem, contavam
Quantas saudades eu tenho de ti.
Ando morto por ter ver, vejo-te só a correr
Parar não ver que te perdi
Ai, se os meus olhos falassem, amor
Sabias quem te quer bem
Ai se os meus olhos falassem
Talvez a ti se contassem
O que eu não conto a ninguém.

Agora mudou de rua, vejam lá
Tem uma casa mais alta, que estadão
Agora nem parece ela, a rapariga singela
Que eu via no rés-do-chão

Mudou tanto, tanto, tanto, podem querer
Como do dia p’ra noite, tal e qual
Agora tudo o que resta, dessa rapariga honesta
É este amor sempre igual.



quarta-feira, 26 de março de 2008

Em cinco minutos

Tristão da Silva um fadista de Lisboa, com um voz única, bem como a sua capacidade de cantar em tons graves, inigualável

Dos muitos êxitos que faziam parte do seu repertório e que vou tentar trazer aqui alguns destaco hoje este com autoria letra e música de Frederico de Brito



Há cinco minutos
Que saiu daqui
Ia como louca
Com os olhos vermelhos
E um sorriso triste
Ao canto da boca

Há cinco minutos
Estive eu calado
A espiar-lhe os gestos
E olhava o relógio
Como se os minutos
Lhe fossem funestos

Tu ainda não sabes
Como o tempo passa
Com a divina graça
e os olhos enxutos
Mas quando o remorso
que é como um castigo
Na alma aparece
A gente envelhece
Em cinco minutos

Há cinco minutos,
Estive a lembrar
Do tempo passado
Do tempo em que andava
Perdido por ela
Sonhando acordado

Há cinco minutos
Fiz contas à vida
E aquilo foi breve
Mas tu nem calculas
Nem fazes ideia
Do que ela me deve

Tu ainda não sabes
etc.e etc.




quarta-feira, 19 de março de 2008

Triste sorte


João Ferreira Rosa afirmou-se como uma personalidade singular no meio do fado lisboeta.

Monárquico assumido e com uma personalidade irreverente, Rosa possui já uma carreira com cerca de três décadas, isto apesar de um percurso discográfico extremamente diminuto.

A justificação para a sua parca discografia é dada pelo cantor, que afirma que nos estúdios de gravação "não existe ambiente para se cantar".

Por isso, prefere promover tertúlias fadistas em Alcochete, onde vive.


Em Junho de 1996 é editado o álbum "Ontem E Hoje", gravado no Palácio de Pintéus, sua propriedade, em Loures. Um trabalho que inclui onze temas gravados ao primeiro take, por um cantor que afirma que o fado é algo que se vive no momento.

Não sendo monárquico não deixo por ísso de ser um grande admirador seu.


Volta aqui ao blogue, pela 3ª vez, para cantar este fado como letra sua e música de Alfredo Marceneiro. o
Fado Cravo

Ando na vida à procura

duma noite menos escura
que traga luar do céu
duma noite menos fria

em que não sinta agonia

dum dia a mais que morreu


Vou cantando amargurado

mais um fado e outro fado

que fale do fado meu,

meu destino assim cantado

jamais pode ser mudado

porque do fado sou eu.

Ser fadista, é triste sorte,

que nos faz pensar na morte,

e em tudo que em nós morreu,

andar na vida à procura,

duma noite menos escura,
que traga luar dos céus




sexta-feira, 14 de março de 2008

Esquina de rua


Carlos Macedo é um artista completo, grande fadista, também poeta de fado e guitarrista. É dos poucos que quando canta se acompanha como o Carlos Ramos, o Vicente da Câmara, ou Nuno de Aguiar e Jorge Fernando.

Aqui canta esta letra de João Fezas Vital e música de Pedro Rodrigues-Quintilhas.

(clicar no nome do fadista para ver biografia)



Tinhas o corpo cansado
E a cidade era tão fria
Ninguém dormia a teu lado
Ninguém sabia que amado
O teu corpo se acendia

Andavas devagarinho
Pelas ruas de Lisboa
Em busca de algum carinho
Que te fosse pão e vinho
E te desse noite boa

Eras triste se sorrias
E mais nova se choravas
As palavras que dizias
Tinham dores e alegrias
E só ternura deixavas

Por ti não houve ninguém
Para quem te desses nua,
Podias ter sido mãe
Podias ter sido mãe
E foste esquina de rua



sábado, 8 de março de 2008

Eu quis demais

Fernando Farinha está aqui de novo cantando um fado com letra do próprio e música de Fontes Rocha.

Ai se eu pudesse,
riscar da vida,
anos vividos.

Já não queria,
pra recordar,
amores sofridos.

Em vez de dor

daria amor

pois tinha agora,

um coração,

para entregar,

a quem me adora.


Eu quis de mais
e por mais querer,
julguei ganhar
e fui perder.

Eu quis de mais

talvez até
sem saber

Eu quis de mais

coração dei,

gostei de ti

nada alcancei,

e tanto quis

ainda mais
pobre
fiquei.

Ai se eu pudesse
pagar a vida.
pra te esquecer

e ser feliz

podendo amar

outra mulher.

Que bom seria

viver um dia

esta vontade
longe ti

sem recordar

sem ter saudades




sexta-feira, 7 de março de 2008

Água e mel

Alexandra canta este fado dos meus favoritos. A letra é de Carlos Barbosa de Carvalho a música de Miguel Ramos

Entre os ramos de pinheiros
vi o luar de janeiro
quando ainda havia Sol,
e numa concha da praia
ouvia a voz que desmaia,
dum secreto rouxinol

Com água e mei
comi pão com água e mel,
e no vão duma janela
beijei sem saber a quem,
Tenho uma rosa,
tenho uma rosa e um cravo,
num cantarinho de barro
que me deu a minha mãe.

Fui pla estrada principal
e pela mata real,
atrás de um pássaro azul,
no fundo dos olhos trago
a estrada de Santiago
e o cruzeiro do sul.

Abri meu olhos,
abri meus olhos ao dia,
escutei a melodia,
que ao céu se eleva do pó,
O vinho novo
se provei o vinho novo,
se amei e honrei o povo,
meu Deus porque estou tão só



domingo, 2 de março de 2008

Basta coração

Ana Maurício é a sobrinha do falecido Fernando Maurício e herdou de seu tio a alma fadista que patenteia quando canta o fado que já a ouvi cantar inúmeras vezes, sempre com agrado

Este fado Basta coração tem letra de Moita Girão e música do fado solene de Alberto Correia

Uma promessa, um sorriso
e um leve aperto de mão
E nada mais é preciso
Pra prender um coração

Uma esperança que se afaga
Nunca morre num repente
O lume quando se apaga
Deixa sempre cinza quente

Não há nada que mais doa
Nem que mais faça sofrer
Do que amar uma pessoa
Que nem sequer nos quer ver

A saudade mais sentida
Mais profunda, creio eu
É sentir dentro da vida
O amor que já morreu