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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O menino que não fui

Que se pode dizer mais sobre o grande Fernando Maurício, o mestre o estilar ìmpar e sobretudo um grande homem com um coração e uma modéstia sem limites.

Aqui canta uma letra de Mário Raínho, um dos poetas que ele mais cantava, numa sextilhas para o marcha de João Maria dos Anjos

Nasci talhado de fado
Cresci no tempo a correr
Sem direito de sonhar;
Não parei no meu passado
Fui menino sem saber
E condenado a cantar

Tive a noite por guarida
Deram-me um fado, por pão 
Por enxerga, a fria rua
Dormi à margem da vida
Ao lado da solidão
Coberto p'la luz da lua

Queria voltar a nascer
E sonhar um só momento
No meu mundo pequenino
Passou o tempo a correr
Não tive idade nem tempo
De brincar e ser menino




Na guitarrada de hoje apresento o Ricardo Martins acompanhado pelo seu irmão Nuno Martins na viola,  na Variações em Ré. Numa visita ao seu blog poderão assistir a muito mais desta jovem dupla  e  ... não só



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ninguém quer saber de mim

Hoje ao conversar no FB com a minha amiga Helena de Castro, ela também grande fadista, lembrou-me de Júlia Lopes uma veterana fadista, que ainda não há muito tempo estava em excelente forma vocal.

Dona do chamado vozeirão, lembro-me dela no inesquecível Ferreiras em Lisboa, e o seu famoso baté o pé no chão, com que terminava alguns fados, dando expressão à alma com que viva cada fado

Hoje relembro-a aqui cantando o fado Ninguém quer saber de mim, uma letra de João Dias para o fado Proença de Júlio Proença

Não me perguntem quem sou,
onde vais pra onde eu vou
ou se estou triste ou contente,
barco de vela rasgada,
sigo ao encontro do nada,
que me chama do poente.

Meus olhos plantaram estrelas,
ninguém se ergueu a colhe-las
que se apagaram cansadas
esta é a noite mais escura
este negrume perdura,
sem esperança de madrugadas.

No mar da minha ansiedade,
naufrago até a saudade,
do que já fui e passou,
Não queiram saber de mim,
que eu sigo direita ao fim,
contente de ser quem sou




A guitarrada der hoje é pelo conjunto de guitarras de Raul Nery interpretando Variações sobre o fado corrido





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pássaro fágil



Relembro aqui Maria da Saudade uma fadista algarvia  que vive segundo julgo em Portimão e que já tem uma carreira longa, Aqui canta este fado de Mário Raínho para o fado Tamanquinhas de Carlos Simões Neves

Dentro de mim este fado
neste jeito quase ateu,
é virtude é pecado,
faz o fado ser cantado
que não chegou a ser céu

Esta voz quase chorada
e também quase ventura,
andorinha que esvoaça,
é caminho de desgraça,
no beiral desta loucura

Dentro de mim este grito,
de solidão e de pranto,
canto tristonho e aflito,
que não chega ao infinito
nasce e morre neste canto.

E plo fado que me enleia
amarras-me até doer
navegas em minhas veias
com a força das marés cheias
no meu corpo de mulher




Na tentativa de homenagear outros intervenientes na História do nosso fado, vou tentar colocar aqui, em complemento às minhas publicações, peças do que habitualmente se chamam guitarradas, que vou apanhando ai pela net agradecendo desde já aos autores   dessa publicações que aqui reproduzo.

Hoje Variações em mi menor tocadas por José Manuel Neto na guitarra e Carlos Manuel Proença na viola


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Outra boa noite


Ana Marques canta este fado do jovem e talentoso Diogo Clemente autor da letra e da música.

Ana Marques é das fadistas que quanto a mim se aproxima mais das tonalidades e na forma de entoar da Amália Rodrigues, há passagens no seu cantar que remetem para ela,


Boa noite à solidão
Disse um dia quem me disse
Que a saudade é uma espera
Dava o tempo e a razão
Pra que a vida me despisse
A saudade que me dera

Porque mais do que a vontade
Mais que a sede dos meus dedos

De hoje em ti eu me perder
São os braços da saudade
Que se perdem nos meus medos

No meu corpo a anoitecer

Que a cada beijo que a vida
Me fez dar á solidão

Como um amor que não conheço
Deu-me a voz da despedida
Que é muita mais que a razão

E que a voz de que me esqueço

Boa noite, noite fria,
Digo às horas de amargura

Que se estendem noite fora
Boa noite, disse um dia
Quem sentiu da noite escura

A tristeza desta hora